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22 de março, sábado, 2ª Semana da Quaresma

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- Hoje é dia 22 de março, sábado da 2ª Semana da Quaresma.

– O evangelho de hoje é, neste tempo quaresmal, uma especialíssima oportunidade de revisão da relação pessoal com Deus. Os fariseus e mestres da lei criticavam Jesus, por acolher publicanos e pecadores que, se aproximavam para escutá-lo. Com a parábola do Pai, que é puro amor e misericórdia, Jesus mostra a face de Deus, com quem possui profunda identificação e por isso sabe como receber os pecadores arrependidos. Ela é um convite a pensar, sobre as atitudes, tanto do filho mais novo, quanto do mais velho, que estão no interior de cada pessoa. Agradeça ao Senhor, que sempre acolhe cada filho ou filha com o coração que transborda amor e perdão.

-Escuta o Evangelho Segundo Lucas, Capítulo 15, versículos 1-3 e 11 a 32:

Naquele tempo, os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. Os fariseus,
porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. "Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles". Então Jesus contou-lhes esta parábola:
"Um homem tinha dois filhos. O filho mais novo disse ao pai:
'Pai, dá-me a parte da herança que me cabe'.
E o pai dividiu os bens entre eles. Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada. Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. O rapaz queria matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam. Então caiu em si e disse:
'Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome'. Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: 'Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados'. Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e cobriu-o de beijos. O filho, então, lhe disse:
'Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho'.
Mas o pai disse aos empregados:
'Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado'. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. O criado respondeu:
'É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde'.
Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. Ele, porém, respondeu ao pai:
'Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado'.
Então o pai lhe disse:
'Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos,
porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado' "

- Com a parábola, Jesus direciona o olhar para o pai que acolhe o pedido do filho mais novo, entrega sua parte da herança, respeita sua opção de vida. Longe dos projetos e coração do pai, ele distante e sem os bens, se vê perdido, na miséria, resta-lhe a memória da experiência na casa do pai, ela é a força que o faz retornar e pedir perdão. O pai, que sempre esteve à espera, acolhe o filho arrependido num abraço e festeja seu retorno. Ele também faz o movimento de ir, paciente e amorosamente, ao encontro do filho mais velho. Este que sempre esteve em casa, mas seu coração não pulsava junto ao do pai, não acolhe e reclama a festa pela volta do irmão. O pai não é indiferente, não desiste de nenhum dos filhos, quer a ambos abraçar e festejar a vida. Peça ao Senhor, a graça de buscar sempre a fraternidade desejada pelo Pai, a vivência sem julgamentos com os filhos “de dentro e de fora”, como nos lembra a Campanha da Fraternidade: “Vós sois todos irmãos e irmãs.”.

- Há em você, algo do irmão mais novo? Pensa em viver projetos individualistas, sem compromissos com os projetos de Deus? Como o irmão mais velho, em algum momento se fecha, se distanciando do coração de Deus, se acha melhor, não acolhe e julga atitudes de outras pessoas? Em que momentos consegue ser presença amorosa, alegre, respeitosa e como coração de Deus, acolhe, perdoa, age com misericórdia, sem julgamento?

– Ouça a voz amorosa do Pai Misericordioso que te diz: 'Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado' ". Buscando ser filho(a) que possui o coração que pulsa unido ao coração do Pai e assim, ser com Ele o rosto da misericórdia, veja o que diz o poema do Cardeal José Tolentino de Mendonça:

Faz-nos trilhar, Senhor, a estrada da Misericórdia.
Dá a cada um de nós a capacidade de acolher apenas,
sem juízos prévios, nem cálculos.
Dá-nos a arte de acolher o trêmulo, o ofegante,
o frágil modo com que a vida se expressa.
Torna-nos atentos ao desenho silencioso e áspero dos dias:
à dor profunda e, porém, quase anônima a nosso lado; ao grito sem voz;
às mãos que se estendem para nós sem as vermos; à necessidade que nem encontra palavras.
Ensina-nos que fomos feitos para a Misericórdia
e que ela é a Sabedoria que Tu, Senhor, mais amas.

- Termina sua oração, pedindo a graça de ser corajoso(a) para regressar ao encontro do Pai, quando se distanciar e, um coração puro, sensível e aberto que sinta a dor, a exclusão do outro e possa acolher e ser presença misericordiosa onde estiver.

-Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.


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