07 de setembro, 23º Domingo do Tempo Comum

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- Hoje é dia 07 de setembro, 23º Domingo do Tempo Comum.

- "Novamente nos encontramos com um evangelho que faz parte da grande viagem de Jesus a Jerusalém. Acompanham-lhe seus discípulos e grande multidão, realizando um caminho como uma grande catequese itinerante. Ao longo deste percurso, Jesus vai indicando novas exigências que vão modelando o estilo de vida de quem decide seguir seus passos. Jesus já é percebido como um grande líder que se faz “palavra” para transformar interiormente os seus ouvintes e seguidores

-Escuta o Evangelho de Lucas, capítulo 14, versículos de 25 a 33:

Naquele tempo, grandes multidões acompanhavam Jesus.
Voltando-se, ele lhes disse: "Se alguém vem a mim, mas não se desapega
de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim,
não pode ser meu discípulo. Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre,
não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar?
Caso contrário, ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar.
E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo:
'Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!'
Ou ainda: Qual o rei que ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem
se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil?
Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe,
envia mensageiros para negociar as condições de paz.
Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem,
não pode ser meu discípulo!"

-As imagens que Jesus utiliza – desapegar-se de seu pai, mãe, mulher e filhos... e carregar a cruz – apontam para a radicalidade da entrega da vida, que se faz cada vez mais aberta e comprometida; nesta entrega, deixamos transparecer nossa essência, aquilo que realmente somos. A Cruz que devemos levar atrás de Jesus é a mesma que Ele levou: a Cruz como consequência da fidelidade até o final. A Cruz de Jesus e daquele que o segue, sempre é consequência de coerências e de fidelidades ao Evangelho. Com a imagem da construção da Torre, Jesus nos convida a descobrir o prazer de construir nossa própria vida no seu Seguimento, sem nos fixar em imagens falsas do nosso eu, mas sim na imagem interior que Deus tem de cada um de nós. Isso acontece quando desperdiçamos toda nossa energia na luta contra nós mesmos e contra aparentes erros e fraquezas. A força que desperdiçamos vai fazer falta para avançar na vida.

-Desapegar-se ou abraçar a cruz, não se trata, portanto, de dolorismo, nem de renúncia voluntarista: ambas atitudes costumam inflar o ego. Trata-se, uma vez mais, de compreensão e coerência. Como você quer viver? Para o ego e seus interesses ou ancorado em sua verdadeira identidade, que está em profunda união com a Vida?

-Disse Jesus: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”. O cristão não ama e nem busca o sofrimento; não o quer nem para os outros e nem para si mesmo. Seguindo os passos de Jesus, luta com todas suas forças para arrancar o sofrimento do coração da existência. Mas, quando é inevitável, sabe “levar a Cruz” em comunhão com o Crucificado. Diz o Pe. Adroaldo Palaoro:

“Carregar a cruz não é ir pelo mundo arrastando os pesares da vida a partir de uma resignação paralisante, mas a partir de uma acolhida consciente de tudo o que constitui nossa própria vida: consolação e desolação, vitórias e fracassos, avanços e recuos, plenitude e atrofia existencial... amarga. Saber integrar aquilo que humanamente é frustrante nos impulsiona a uma transformação e avanço na vida”.

-Peça ao Senhor a luz do discernimento para que saiba abraçar e carregar a cruz de cada dia. Peça pelas pessoas que são obrigadas a viver a cruz da fome, da violência, das guerras.

-Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

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