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[Artigo] Bíblia: Fonte da catequese que dá sabor à vida – Neuza Silveira de Souza

A Bíblia é um livro da caminhada do povo de Deus. É fruto da caminhada de um povo que quis deixar registradas suas experiências de vida. Partindo de suas reflexões, o povo mostra a história de Israel, a qual foi entendida, pelo próprio Israel, como história do agir de Deus com seu povo. No Antigo Testamento, a Palavra de Deus chegou a Abraão, a Moisés, aos profetas. Palavras de Ânimo e de esperança. Palavras de Vida. Palavras de Aliança e de Amizade. Palavra que prepara o maior acontecimento de todos os tempos: Jesus Cristo. Começando com a oralidade e depois passando para os escritos, ela teve seu crescimento paulatinamente. Foi chamado, certa vez de “o livro que cresceu durante mil anos”. Seus escritos eram para lembrar ao Povo de Deus seu tempo e a nós, hoje, qual o projeto de Deus para a humanidade. Esse Deus que desejou se dar a conhecer a nós e se deu fazendo-se um de nós, nascendo do útero de uma mulher, crescendo no meio do povo e, junto com o povo, ajudando-os a conhecer o Pai.

Bíblia – Palavra de Deus na vida do homem

A Bíblia, também conhecida como “Sagradas Escrituras” ou tão somente “Escrituras” fala do agir de Deus em nossa vida. Utilizou-se de várias formas: orações, rituais, história, sabedoria, exortações e até mesmo poesia… tudo em grande harmonia – já que inspirada por Deus – relaciona o homem com o único e verdadeiro Deus, e vice-versa. Nessa relação, onde Deus se comunica com o povo, e este o descobre nos acontecimentos da vida, faz chegar até nós esse livro que nos fala da aliança e o plano de salvação de Deus para com a humanidade.
Muitas pessoas contribuíram para que esta palavra chegasse até nós: homens, mulheres, jovens, idosos, pais, mães, agricultores, pescadores, sacerdotes, reis, profetas. A preocupação dos que escreveram não foi contar uma história, mas recuperar a memória, a identidade. Seus escritos trazem uma grande riqueza de experiências que contribuem para manter viva a fé no Deus que propõe justiça, fraternidade, amor e fidelidade.
Ao ler a Bíblia, não se deve preocupar com a busca de uma história verdadeira, mas a verdade da história, da minha história, de todas as histórias. A história é o veículo, o lugar do conhecimento de Deus. Este Deus que, no seu dinamismo, impulsiona os homens e o mundo ao seu destino verdadeiro. Este Deus que nos impele para a realização, para a aceitação, para a doação. E nós, seres humanos, somos chamados a responder, por ações e atitudes a este apelo de Deus.
No Antigo Testamento, o centro da religião é a obediência cujo fundamento se encontra na aliança de Javé com Israel. Exemplos dessa obediência podem ver em Abraão”. Javé disse: Deixa teu país, tua parentela e a casa de teu Pai…” Abrão toma sua mulher Sara e partem para a terra de Canaan (Gn 12,1-5), na certeza de que seu Deus caminha junto com ele.
No Novo Testamento, o centro da Religião é o seguimento a Jesus Cristo. Toda a história de Deus com Israel tem importância para nós cristãos uma vez que Deus se revela nela. Na revelação do projeto de Deus, a Ressurreição foi o selo que Deus colocou sobre a vida e a morte de Jesus, dizendo que o modo como ele viveu é a proposta de Deus para todas as pessoas.

A Bíblia é profundamente humana

Pode-se dizer que a Bíblia é profundamente humana, fala das coisas da vida, narra a experiência de vida de um povo que caminha, através de muitas gerações. Ela é assim: Palavra de vida eterna, sempre nova, provocante e iluminadora. Por detrás de suas palavras pode-se descobrir o segredo de Deus para viver bem a nossa vida. Ele está sempre nos falando. Fala por meio da natureza, da vida, dos atos, pelos acontecimentos, pela história da humanidade. Deus continua se revelando nos fatos da vida.
São Paulo nos diz que a Bíblia foi escrita: para ensinar, refutar, para corrigir, para educar na justiça (2Tm 3,16). Lendo-a, nós entendemos melhor o projeto de Deus para a nossa vida humana.
Jesus deixa um grande exemplo, ensinando-nos através de sua pedagogia, como a palavra ilumina a vida. Dentre muitos, citamos (Lc 24,25-27). Depois de escutar os dois discípulos, Jesus ilumina suas vidas, a partir daquela realidade, ajudando-os a fazer memória das palavras da Bíblia que se encontra no livro de Moisés e dos profetas e, assim, esta palavra orienta-os para compreender de modo diferente os fatos ou a situação vivida por eles. Com este ensinamento Jesus desperta nos discípulos uma nova atitude de fé que os conduz para o testemunho e a missão.

O que encontramos na Bíblia?

Nos seus primeiros cinco livros encontramos a Torá. É a lei Aliança, a Instrução, o Ensinamento. Nela encontramos a Aliança de Deus com Noé, com Abraão e com Moisés. É Deus insistindo com esse povo. É Deus fiel lutando firmemente para ajudar o povo a permanecer fiel.
Nos chamados livros históricos, encontramos as narrativas, a organização do povo, suas lutas, vitórias, festas e dificuldades, mostrando os trabalhos das grandes lideranças.
Nos chamados livros sapienciais, ou seja, de sabedoria, apresentam-nos as reflexões de sabedoria como: poesias, cantos, salmos, orações, hinos e provérbios.
Nos livros proféticos está a mensagem daqueles que foram chamados para anunciar, denunciar e indicar caminhos. No meio dos profetas encontramos Ezequiel que, ajudando o povo no exílio a refletir sobre Deus leva-os ao alcance de perceber uma nova aliança, pois Deus quer esse povo. Deus diz: Eu serei o seu Deus e vós sereis o meu povo.
Nos evangelhos está a grande Boa Notícia: Cristo ressuscitou. Neles encontramos as reflexões e experiências das primeiras comunidades sobre Jesus Cristo: sua pessoa, palavras, gestos e atitudes. Também as várias cartas que descrevem a vida e os conflitos das comunidades cristãs.
Percorrendo o caminho bíblico encontramo-nos com Jesus Cristo, o mistagogo, o pedagogo, aquele que é o primeiro Sacramento de Deus, o educador da humanidade.

Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.



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