Em maio passado, os bispos do Brasil aprovaram o documento 100: Comunidade de comunidades: uma nova paróquia. Com o subtítulo A conversão pastoral da Paróquia, o texto tem sido objeto de muitos estudos.
O apelo à “conversão pastoral” já estava presente na Conferência de Santo Domingo (1992): “A Nova Evangelização exige a conversão pastoral da Igreja. Tal conversão deve ser coerente com o Concílio. Ela diz respeito a tudo e a todos: na consciência e na práxis pessoal e comunitária, nas relações de igualdade e de autoridade; com estruturas e dinamismo que tornem a Igreja presente com cada vez mais clareza, enquanto sinal eficaz, sacramento de salvação universal” (SD 30).
| “Nenhuma comunidade deve se isentar de entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé” |
Tornou-se um dos principais apelos da Conferência de Aparecida (2007): “Esta firme decisão missionária deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais de dioceses, paróquias, comunidades religiosas, movimentos e de qualquer instituição da Igreja. Nenhuma comunidade deve se isentar de entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé” (DAp 365).
A chave de compreensão da “conversão pastoral” é a missionariedade. Isso se torna cada vez mais claro, sobretudo com as perspectivas abertas pelo Papa Francisco com sua Exortação Apostólica Evangelii gaudium, em tom estimulante e encorajador. O Papa sonha “com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação. A reforma das estruturas, exigidas pela conversão pastoral, só se pode entender neste sentido: fazer que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes de pastorais em atitude constante de “saída” e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade” (EG 27).
Refletindo sobre estes desafios, ouvindo uns e outros e observando como as paróquias estão organizadas, proponho três desafios para uma atuação em vista da conversão missionária da paróquia: (1º) Identificar pessoalmente cada agente de pastoral, pois a missão requer um contato personalizado com os principais agentes missionários; (2º) Mapear urgentemente o território paroquial. Sem desprezar as novas formas de lidar com o território, é urgente recuperar o valor do espaço paroquial em vista da própria missão. A missão requer o reconhecimento das diferentes situações humanas daquela porção de povo que é a Paróquia; (3º) Planejar a ação evangelizadora em sintonia com as diretrizes da Igreja local, em nosso caso, a Arquidiocese de Belo Horizonte. A missão requer planejamento. A realização de assembleias paroquiais é um dispositivo pastoral de grande utilidade para que a liderança da paróquia avalie, reflita, decida e assuma a perspectiva missionária.
+ João Justino de Medeiros Silva
Bispo Auxiliar de Belo Horizonte