A Iniciativa Solidariedade em Rede organizada pelo Vicariato Episcopal para Ação Social, Política e Ambiental da Arquidiocese de Belo Horizonte é uma sólida corrente do bem, que interliga paróquias, de diferentes lugares, a partir da missão de oferecer ajuda emergencial aos mais pobres. Trata-se de uma ação que nasceu no auge da pandemia do novo coronavírus, unindo corajosos evangelizadores e muitos voluntários. Além da ajuda espiritual, as famílias mais impactadas pelos desdobramentos econômicos da pandemia receberam alimentos, atendimento jurídico, psicológico e orientações sobre direitos assegurados pelo poder público.
O padre Júlio César Gonçalves Amaral, vigário episcopal para Ação Social, Política e Ambiental da Arquidiocese de Belo Horizonte, diz que durante as ações foi possível constatar: a solidariedade une o coração das pessoas. “O voluntariado e a caridade têm força sociotransformadora.”
A rede de apoio aos mais pobres permitiu oferecer ajuda emergencial de modo descentralizado, nos 28 municípios que integram a Arquidiocese de Belo Horizonte, a partir de 89 pontos de referência preparados para amparar e acolher quem precisa de ajuda. Há 20 anos, o dispensário São Paulo da Cruz, ação social do Santuário São Paulo da Cruz, na região do Barreiro, é referência para os mais pobres. “Com a pandemia, o dispensário tornou-se ainda mais instrumento de promoção da vida e integrou-se ao projeto Solidariedade em Rede”, explica o pároco, padre Alex Antônio Favarato. A partir do Santuário São Paulo da Cruz, são beneficiadas 2 mil famílias por ano.
As Irmãs Maria do Carmo de Jesus, Lázara dos Reis e Ângela Soares, da Congregação das Irmãs Discípulas de Jesus Eucarístico, já faziam trabalho de atendimento de famílias em situação de vulnerabilidade em General Carneiro e Vila Barraginha, em Sabará. Com a pandemia, a pobreza tornou-se ainda mais acentuada. Cerca de 100 famílias receberam cestas básicas, medicamentos, fraldas, cobertores, vestuários, sapatos, enxoval de bebê e móveis, graças ao trabalho liderado pelas religiosas. Durante as visitas, as irmãs também levaram uma palavra de conforto e esperança para as famílias. “Foi importante contribuir para a felicidade de pessoas que são muito sofridas e, às vezes, não têm quase nada em casa. Nossas visitas servem para ajudar essas pessoas a perceberem que Deus está cuidando delas também”, disseram as irmãs, em texto preparado para esta publicação.
O Santuário Arquidiocesano da Santíssima Eucaristia-Adoração Perpétua – Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem, no bairro da Boa Viagem, em Belo Horizonte, criou a ação “Boa Viagem na Escuta”, para oferecer atendimento psicológico gratuito, na modalidade telepresencial, aos mais pobres que precisam de ajuda. A iniciativa contou com a participação de 12 psicólogos voluntários. Foram realizados 1010 atendimentos até o início do mês de outubro de 2020. “O desconhecimento do vírus e a falta de tratamento eficiente elevou o medo e aumentou a depressão e ansiedade das pessoas”, ressalta o padre Marcelo Carlos da Silva, pároco-reitor do Santuário, que também é psicólogo.
Na Forania São José do Calafate, que reúne paróquias da Região Oeste de Belo Horizonte, a ação solidária da Igreja destinou 1.368 cestas básicas a famílias pobres, auxiliando 3.000 pessoas de comunidades mais vulneráveis aos impactos da pandemia. As famílias que necessitavam de ajuda se cadastraram para receber os donativos. Entre os beneficiados estão grupos de refugiados do Haiti, da Venezuela e de Moçambique. Foram distribuídas 8.000 unidades de material de limpeza e higiene pessoal e dez toneladas de alimentos não perecíveis. O trabalho foi coordenado pela professora de ensino religioso da rede municipal de Betim Andréa de Sá Silveira e pela professora aposentada da Rede Municipal de Belo Horizonte Rita de Cássia Henriques.
Na região do Vale do Paraopeba, graças às paróquias que integram a Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser), a desempregada Nathália Almeida Pereira Brandão, mãe de três filhos, recebeu amparo emergencial. Na cesta básica que recebeu, havia kit de produtos orgânicos, com frutas, legumes e verduras, “Foi muito importante essa ajuda”, diz a dona de casa. No total, 501 famílias receberam acompanhamento e ajuda a partir da Renser, o que representa 3000 pessoas beneficiadas naquela região. “Os produtos das cestas foram adquiridos de agricultores locais e de pequenos do Vale do Paraopeba, o que permitiu fortalecer a economia da região”, explica a coordenadora de projetos da Renser, Marina Paula Oliveira.
Solidariedade em Rede – números consolidados em outubro de 2020
- 89 pontos de referência, em Belo Horizonte e toda Região Metropolitana da Capital
- 2000 famílias são acompanhadas pelo Santuário São Paulo da Cruz, no Barreiro
- 1010 atendimentos psicológicos foram realizados no Santuário Nossa Senhora da Boa Viagem
- 3.000 pessoas, de comunidades pobres, receberam cestas básicas nas proximidades do bairro Calafate, BH
- 501 famílias podres do Vale do Paraopeba recebem amparo das paróquias da Região
- De um modo geral, a iniciativa Solidariedade em Rede ampara 9965 famílias, o que representa ajuda para 35.620