Na Vila Calafate, na região Noroeste de Belo Horizonte, o barraco modesto de alvenaria e tapumes, com telhado de amianto, abriga a família da dona de casa Patrícia Rodrigues Campos, 24 anos, que tem quatro filhos, com idades entre três e oito anos. “A Pastoral da Criança ajuda a vislumbrar um futuro melhor para as nossas crianças e ainda resolve as nossas demandas mais urgentes”, diz Patrícia Campos. Ela cita como exemplo o período em que seu marido perdeu emprego, há três anos, e a família enfrentou dificuldades. Os agentes da Pastoral da Criança incluíram o lar de Patrícia nas muitas ações sociais mantidas pela Igreja. Nesse período conturbado, eles receberam doações de cestas básicas, roupas e até brinquedos. Atualmente, o marido de Patrícia já tem um novo emprego, trabalha em um lava a jato.
De acordo com a agente de Pastoral Rita Jardin Carnevalli, Patrícia é muito cuidadosa com as crianças e todas estão saudáveis. Três dos quatro filhos estão matriculados em escola e só a pequena Ana Clara, de 3 anos, ainda fica em casa com a mãe. “Há casos em que as crianças se apresentam com subnutrição e necessitam de uma assistência maior da Pastoral”, explica Rita Carnevalli, que atua na Pastoral há 18 anos. Durante as visitas, os líderes orientam as mães, pais e familiares para acompanhar e cuidar do desenvolvimento da criança em cada etapa de vida. São analisados o desenvolvimento e aprendizagem das crianças, observados os sinais de risco à saúde e partilhadas informações sobre prevenção e tratamento de doenças. Também há avaliação nutricional, orientação sobre higiene, saúde bucal e imunização.
A Pastoral da Criança foi criada em 1983. Está presente em todos os estados brasileiros e em outros 17 países, na América Latina, Caribe, África e Ásia. Em Belo Horizonte, essa Pastoral foi criada em 1988, numa época em que morriam cerca de 120 crianças em cada mil nascidas vivas. “Esses números foram reduzidos atualmente para 20”, diz a coordenadora da Pastoral da Criança em Belo Horizonte, Marize de Oliveira Mendes Furtado.
Entre as ações desenvolvidas estão a reativação da Pastoral em algumas paróquias, a capacitação de inúmeros líderes, a participação nos conselhos de saúde, no conselho arquidiocesano e o mutirão em busca de gestantes. “Sobretudo as mais jovenzinhas e mais pobres”, explica a coordenadora. Foram desenvolvidas campanhas que alertam para a importância dos primeiros meses de vida das crianças; do aleitamento materno; incentivo para que as mães coloquem os bebês para dormir com a barriga para cima; reconhecimento de paternidade, combate aos vírus Zika, Chikungunya e Dengue, combate ao trabalho infantil, novo calendário de vacinações e 1ª dose imediata de antibiótico.
Os planos para os próximos meses incluem a ampliação do número de comunidades nas paróquias e a expansão da Pastoral nos municípios da Arquidiocese que estão mais afastados da Capital. Além disso, os coordenadores pretendem aumentar o número de lares visitados, principalmente nas comunidades mais vulneráveis. Outra proposta da pastoral é promover Oficinas de Formação Integrada, visando orientar coordenadores e líderes para que possam esclarecer as gestantes sobre a importância das consultas pré-natal.