Todas as segundas-feiras, os agentes da Pastoral Carcerária se reúnem para ler as dezenas de cartas de presos (em média 70 por mês) que chegam pelos Correios. O Projeto Cartas e Necessidades Encarceradas da Pastoral Carcerária de Belo Horizonte busca ajudar na solução das muitas mensagens enviadas por pessoas que estão privadas da liberdade. Cada carta é lida, com extremo cuidado e carinho. Entre os voluntários da Pastoral, está o pedagogo Assis Francisco Ribeiro, que também é o coordenador da Pastoral Carcerária; a doutora em Língua Portuguesa Irmã Maria Brígida Barbosa, da Congregação Filhas de Jesus; a assistente social Alice Rabelo Casasanta, a professora primária Nilma de Castro Nunes e a dentista Ceres Marina Vaz de Melo. “Há dois tipos de demandas principais: as sociais – que buscam contato com a família, orientação religiosa e psicológica – e as jurídicas – que se referem à revisão de condenação e a busca de atenuantes”, diz a assistente social Alice Rabelo. “Muitas vezes somos conselheiros e, baseados em nossas vivências e experiências individuais, orientamos os detentos nesse momento de enorme fragilidade emocional”, conta a Irmã Brígida.
Um alento para quem precisa de orientação, como a detenta M.L.J., que se encontra em um presídio feminino de Belo Horizonte. Entre março e agosto de 2016, ela escreveu quatro cartas e as enviou à Pastoral. “No início ela se mostrava totalmente perdida e com muito medo de tudo. Na última carta, ela revelou que conseguiu um emprego fora da penitenciária, para onde tem que voltar todas as noites ao fim do trabalho. A oportunidade a deixou um pouco mais confiante e segura”, explica Alice Rabelo.
Entre as mensagens, está uma carta que a apenada escreveu para a sua mãe, já falecida, e que foi enviada para a Pastoral Carcerária. “Oh, mãezinha. Por que fui errar a ponto de vir parar nesse purgatório? Arrependo-me! Não tenho como voltar atrás, só quero esquecer o passado e fazer diferente. (…) Choro muito! Gostaria de ser alegre novamente. (…) Ah, estou cansada, mãe, mas estou lutando em orações para ficar bem.” M.L.J. recebeu orientações psicológicas dos voluntários da Pastoral.
Há também mensagens que revelam fragilidades das famílias dos presos. Nesses casos, os agentes da Pastoral visitaram os lares e forneceram cestas básicas. Buscam solucionar as necessidades emergenciais das crianças e das esposas dos apenados. Já a assistência Jurídica é feita por um grupo de voluntários da PUC Minas. “Cabe à sociedade, de alguma forma, proporcionar à pessoa privada de liberdade um mínimo necessário. Quem cumpre pena precisa se sentir gente, digna e ver os seus direitos respeitados. Isso é o que fazemos”, diz o professor Amarildo Fernando de Almeida.
Jubileu da Misericórdia: dom Walmor celebra Missa com os presos
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Dentro da programação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia na Arquidiocese de Belo Horizonte, vivido em 2016, o arcebispo dom Walmor celebrou Missa na Penitenciária Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, Região Metropolitana de Belo Horizonte, concelebrada pelo padre José Geraldo, assessor Eclesiástico da Pastoral Carcerária. Os diáconos Glêvison Felipe, com missão na Penitenciária Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves; Oscar, no CERESP de Betim; Noraldino, no Presídio de Caeté, e Alex, com missão no Presídio de Nova Lima, ajudaram na Liturgia. Os seminaristas do Seminário Coração Eucarístico de Jesus cuidaram da música e de levar palavras de conforto e esperança aos presos.
Na homilia, dom Walmor lembrou o objetivo de todos estarem ali, reunidos: a celebração do Ano da Misericórdia, “misericórdia de Deus que alcança também os que estão privados da liberdade”- disse o Arcebispo. Segundo o coordenador arquidiocesano da Pastoral Carcerária, Assis Francisco Ribeiro, as palavras de dom Walmor tocaram profundamente o coração de todos, especialmente dos detentos. Já o diácono Glêvison Felipe destacou não só a ampla participação da comunidade carcerária, mas a qualidade da participação dos presos e também dos funcionários da Unidade Prisional.
Ao final da Celebração os detentos fizeram questão de agradecer. “Todas essas pessoas esperam ansiosas a visita da Pastoral Carcerária, que para muitos é a única visita que recebem”, explica o diácono Glêvison Felipe.