Iniciativa contribui para que famílias conquistem casa própria

Dona Rosana comemora uma conquista, alcançada com a ajuda da Igreja: “Pela primeira vez teremos a nossa verdadeira casa”

A dona de casa Rosana Aparecida Gonçalves Dias conta os dias no calendário para receber a tão sonhada chave de seu apartamento, localizado no Bairro Novo Progresso em Contagem. O novo lar possui dois quartos, banheiro, cozinha, sala e copa conjugadas. O apartamento foi conquistado a partir de programa habitacional do poder público com o auxílio do Centro de Apoio aos Sem-Casa (CASA), da Arquidiocese de Belo Horizonte. O CASA é fruto de parceria do Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política da Arquidiocese com a Misereor, instituição da Igreja Católica na Alemanha que apoia projetos de desenvolvimento social realizados na América Latina, África e Ásia.

Para Rosana, o novo lar representa independência, liberdade, tranquilidade e segurança. Ela morava com o marido e duas filhas, nos fundos da casa da sogra. “Agora, podemos organizar e estruturar melhor a nossa família. Pela primeira vez teremos a nossa verdadeira casa”, diz. Rosana lembra que não foi nada fácil conquistar esse direito. “Primeiro ganhamos o terreno e depois começamos a construção, mas a obra foi paralisada várias vezes. Combatemos o bom combate e realizamos o nosso sonho com a ajuda do CASA”, afirma a dona de casa, ressaltando a importância do projeto.

De acordo com Rosana, o CASA tem um papel essencial na vida de muitas famílias, pois oferece assessoria e formação de líderes, orientando as pessoas que não sabem a quem recorrer para serem respeitadas no direito à moradia digna. Ela também destaca os cursos, em diferentes áreas, promovidos pelo Vicariato Episcopal para a Ação Social e Política, dedicados aos que são amparados pelo Centro de Apoio: curso de artesanato, culinária, reciclagem, informática, entre outros, que contribuem para a geração de emprego e renda.

Durante as reuniões, Rosana participou das oficinas de decoupage, que é uma técnica de artesanato que possibilita cobrir uma superfície com recortes de jornal, revista, papel, dando um aspecto diferente e vistoso aos objetos. Também foi realizada oficina de caixa de presentes e de produção de salgados (coxinha, torta, pastel, quibe, entre outros). “Consigo complementar minha renda com trabalhos que desenvolvo a partir do que aprendi nessas oficinas”, disse Rosana.

O CASA também foi determinante para que a senhora Dulce Batista Lopes, 81 anos, conseguisse uma moradia. Há 17 anos, ela reside em um apartamento de três quartos, cozinha e banheiro, no Residencial Fernão Dias, localizado no bairro de mesmo nome. Outras 143 famílias participaram da mobilização que resultou na construção do conjunto habitacional. “O apoio do CASA foi imprescindível em todas as fases, recebemos orientações que proporcionaram a nossa conquista”, diz Dulce Lopes.

“O apoio do CASA foi imprescindível, recebemos orientações que proporcionaram a nossa conquista”, destaca dona Dulce, que se uniu a outras pessoas para efetivar o seu direito à moradia

Em local de destaque, na sala de estar de sua casa, o poema “Nossas Casas”, de sua autoria, em um quadro afixado na parede, resume todo o processo. “Em pleno mês de abril/ com grande luta e conquista/ A casa dos nossos sonhos/ nas ruas Lena e Paulista/ Formigas trabalhadoras/ que não são de destruir/ de grama em grama plantaram/ para o nosso jardim florir/ Tijolos, areia e britas/ vidro, madeira e cimento/ cada um faz a sua parte/ e levam também ferramentas/ Assim constrói nossos apartamentos/ E Deus cuida dessa gente/ Antes dos nossos trabalhos/ faz-se a Deus uma oração/ que abençoe a nossa obra/ e nos una como irmãos/ Hoje, com grande alegria/ com esforço e união/ vemos crescer nossas casas/ surgindo com o coração/ com alicerce firme/ feito com dedicação/ vamos dar aos nossos filhos/ um pedacinho de chão (BH, 6.3.2000)”.

Dona Dulce lembra que ajudou a carregar cimento, ferragens e brita e diz que a obra foi edificada com esforço de todos os moradores.

Criado a partir da Campanha da Fraternidade do ano de 1993, que teve como tema “Onde Morar?”, o Centro de Apoio aos Sem-Casa (CASA) busca assessorar, apoiar e animar os núcleos organizados de moradia, na abrangência da Arquidiocese de Belo Horizonte, e fortalecer a espiritualidade entre todos os que se dedicam à efetivação do direito à moradia. Para a formação de novos grupos, é preciso organizar uma assembleia e registrar o primeiro encontro na ata de fundação. Também é preciso eleger a diretoria. Com a ata, o grupo se cadastra na Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) e seus integrantes iniciam o processo para aquisição da casa própria. É necessário seguir alguns critérios para se inserir no movimento de moradia, como residir há mais de dois anos em Belo Horizonte, ter renda familiar de até cinco salários mínimos e não ter sido contemplado em programas similares.

Atualmente, o Centro de Apoio aos Sem-Casa possui 19 grupos, que congregam aproximadamente 1.680 famílias, beneficiando 6.720 pessoas. O CASA representa seus integrantes em reuniões, conselhos, conferências e seminários que buscam solucionar o déficit da habitação.

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