Família acolhedora: amparo e proteção a crianças e adolescentes


Em maio de 2018, a rotina da residência da médica Adriana Reis Brasil, 53 anos, sofreu uma grande mudança. Um garoto de sete anos passou a fazer parte da família. Adriana e sua família integram o serviço Família Acolhedora, da Providens Ação Social Arquidiocesana. O serviço oferece uma possibilidade diferenciada de acolhimento de crianças e adolescentes afastadas de suas famílias por medidas protetivas.

A ideia de acolhimento do garoto surgiu há alguns anos quando a médica acompanhou duas crianças acolhida por uma avó de pacientes e que participavam do serviço. Durante cinco anos, ela prestou atendimento a uma dessas crianças em seu consultório. Dessa forma, a decisão de acolher fundamentou-se em dois pilares: fazer o mínimo de justiça social, tentando mudar a perspectiva de vida de uma criança e oferecer um lar estruturado e afetuoso. “Temos consciência de que somos uma família privilegiada e sentimos necessidade de dar retorno para a parcela mais marginalizada da sociedade”, esclareceu Adriana Brasil.

A médica, o marido e os três filhos se prepararam para receber o mais novo membro da família. Do ponto de vista prático, fizeram algumas mudanças na disposição dos quartos que os filhos ocupavam e compraram um pequeno enxoval e produtos de higiene. “Já do ponto de vista emocional foi uma grande expectativa, que gerou muita ansiedade, por não saber muitas informações sobre a criança que seria acolhida e até mesmo a data de sua chegada”, explica Adriana Brasil.

A adaptação inicial foi difícil e sofrida, pois o garoto sentiu muita falta de seus familiares e pedia para voltar para a família de origem várias vezes. Atualmente o garoto está muito bem adaptado, mostra-se feliz e tem aprendido muito e tem falado com menor frequência na família de origem.

A família teve ainda que promover uma divisão de tarefas. Todos se revezam para levar e buscar o garoto na escola, ajudá-lo nas tarefas escolares, supervisionar banho, alimentação e propor brincadeiras e passeios. “A criança que estamos acolhendo não nos pareceu ter muita carência afetiva, tanto é que ele tem desejo de retornar à família de origem. Porém, é notável a carência material e de estímulos positivos quanto ao aprendizado e aos valores de vida. Tentamos fazer a adaptação respeitando e observando as reações da criança, com muita paciência e carinho”, explica Adriana Brasil.

Todos sabem que a permanência do garoto é transitória, mas reconhecem que já criaram vínculos afetivos com a criança e que sentirão muita falta dele. “Entendemos que nossa missão é fazer o melhor por ele, enquanto ele estiver conosco. Acho que temos condições de plantar boas sementes, que brotarão no futuro”, conclui a médica.

O programa Família Acolhedora possui duas modalidades. Na primeira, crianças e/ou adolescentes são retirados da guarda dos pais ou responsáveis por meio de medida protetiva de acolhimento e com possibilidade de reintegração familiar. Esse foi o caso do garoto acolhido pela família Reis.

A outra possibilidade prevê que crianças e adolescentes, com ou sem histórico de institucionalização e afastados de sua família (com destituição do poder familiar ou falecimento dos pais) possam ser acolhidos, desde que haja a inexistência de postulantes à adoção, seja nacional, seja internacionalmente.

Assistente social do Serviço, Mirléia Maciel Ferreira, 54 anos, que sempre trabalhou com crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade social e suas famílias, conta que se trata de um público que tem inúmeras demandas e muitos desafios a serem trabalhados, mas que as famílias se sentem recompensadas ao contribuir para que as crianças tenham uma vida bastante melhor e possam mudar o curso da história delas.

O programa atualmente acolhe 30 crianças e outras seis estão em fase pós-acolhimento. Além disso 34 famílias estão habilitadas para o acolhimento. Como a demanda para este serviço é grande, informações podem ser obtidas pelo telefone 3422-4736.

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