No mês de setembro, o serviço Família Acolhedora, iniciativa do Providens e do Vicariato Episcopal para a Ação Social, Política e Ambiental da Arquidiocese de Belo Horizonte, promoveu um encontro virtual entre a equipe técnica e as famílias amparadas pelo projeto. É o encontro “Entre Famílias”, que sempre reuniu as famílias para debater os assuntos relacionados ao acolhimento familiar. Desta vez, por causa das medidas de isolamento social necessárias à prevenção à Covid-19, a equipe realizou o evento de forma virtual. O encontro foi oportunidade para discutir o impacto da pandemia e do isolamento social no acolhimento familiar e nas relações familiares.
O “Entre Famílias” contou com a participação do Padre Júlio Amaral, vigário episcopal para Ação Social e Política (VEASPAM) e da diretora-geral da Providens, Fernanda Flaviana Martins.
Padre Júlio iniciou o encontro com um momento de reflexão baseando sua mensagem no texto bíblico da multiplicação dos pães. “A pandemia nos colocou em uma situação que nunca havíamos pensado estar. As dificuldades da convivência familiar geram ansiedade, insegurança, medo, cansaço. Mas a pandemia nos ensina que devemos permanecer firmes, pois não estamos sozinhos”, explica.
“Quando nos unimos, nos tornamos mais fortes. Onde há partilha, não há falta. O Família Acolhedora é um projeto lindo de partilha: as famílias acolhedoras partilham a vida com as crianças que precisam”, acrescenta padre Júlio.
A diretora Fernanda destacou a importância das famílias acolhedoras: “ao acolherem as crianças, as famílias fazem valer o artigo do Estatuto da Criança e do Adolescente que busca garantir o direito à convivência familiar e comunitária das crianças. É muito gratificante saber que as crianças estão seguras, em um lugar privilegiado de acolhida e socialização”, conta.
O encontro também abriu espaço para a equipe técnica de psicólogas e assistentes sociais e as famílias falarem sobre os impactos da pandemia para a equipe da Prefeitura de Belo Horizonte, que é parceira no desenvolvimento do trabalho social.
Desde o início do isolamento, o Família Acolhedora vem se esforçando para construir novas estratégias, visando a continuidade das ações do Serviço, com o cuidado necessário de proteção para os técnicos, famílias e acolhidos. Nesse contexto, as ferramentas virtuais são de extrema importância.
Com as visitas e os encontros de convivência suspensos, a coordenação do serviço, a supervisão do órgão gestor e a equipe técnica optaram por estabelecer uma rotina semanal de vídeo chamadas, telefonemas e contatos por WhatsApp com as famílias acolhedoras, os acolhidos e as famílias de origem e/ou extensa. Assim, voluntários e profissionais, mesmo à distância, conseguem acompanhar o desenvolvimento dos acolhidos e apoiar as famílias.
Sobre o “Famílias Acolhedoras”
Desde 2011, o “Famílias Acolhedoras” promove o acolhimento temporário em lares de famílias voluntárias, prevendo o acompanhamento e cuidados integrais à criança e ao adolescente afastado de sua família de origem, até que os mesmos possam voltar para casa ou serem encaminhados para adoção.
O serviço Famílias Acolhedoras promove duas modalidades de acolhimento. A primeira é de curta duração, até 18 meses (um ano e meio). A segunda modalidade é necessária quando há destituição do poder familiar da família de origem, e a criança ou adolescente não deve retornar a viver com seus pais. Nessa segunda modalidade, em alguns casos, as famílias acolhedoras podem reivindicar a adoção.
Entre os critérios para se tornar uma família acolhedora, encontram-se: residir em Belo Horizonte há pelo menos dois anos; ter, no mínimo, 21 anos; não ter antecedentes criminais; existir concordância explícita de todos os membros da família para o acolhimento; estar disposto a receber as crianças temporariamente e não ter a intenção de adotar; não ter dependentes químicos na família; aceitar e se comprometer com as diretrizes do serviço.