Os gestos de solidariedade se multiplicam, conforme ensina a história do senhor Maurílio Pereira, de 52 anos, que viveu pelas ruas de Belo Horizonte entre 2004 e 2008. Hoje, com a ajuda da Pastoral de Rua, ele vive em um quarto alugado e, a cada dia, busca manter-se longe das bebidas alcoólicas. Afinal, foi o alcoolismo que lhe tirou tudo, inclusive o convívio familiar. As inúmeras dificuldades que precisam ser vencidas por Maurílio não o afastam do compromisso cristão de ajudar. Alias, conforme ele mesmo explica, o sofrimento que viveu o incentiva a ser solidário. “Sei mais do que ninguém o que é ficar desamparado, perder tudo e viver ao relento”, diz.
No fim de 2015, quando uma barragem se rompeu na região de Mariana e destruiu o distrito de Bento Rodrigues, a Acolhida Solidária Dom Luciano Mendes de Almeida, da Arquidiocese de Belo Horizonte, realizou uma campanha que objetivou ajudar as vítimas da tragédia. Mais de mil pessoas ficam desabrigadas e outras 17 perderam a vida. Aproximadamente 12 toneladas de doações foram arrecadadas – roupas, produtos de limpeza e higiene pessoal, brinquedos, água, colchões, entre outros itens. Entre os voluntários que ajudaram a organizar os donativos nos caminhões que partiriam rumo a Mariana estava Maurílio. “Essa contribuição foi apenas uma maneira de ajudar a diminuir o sofrimento de tantas pessoas, de famílias inteiras”, conta emocionado.
Além de ajudar a Acolhida Solidária Dom Luciano Mendes de Almeida, Maurílio também participa das reuniões organizadas pela Pastoral de Rua, no grupo Amigos de Rua, que busca discutir políticas públicas de segurança, habitação e saúde para as pessoas em situação de rua. “Desde que conheci o trabalho da Pastoral, a minha vida mudou”, explica.
O importante trabalho desenvolvido pela Acolhida Solidária Dom Luciano Mendes de Almeida, sempre em sinergia com as pastorais sociais da Arquidiocese de Belo Horizonte, será ampliado com a construção da Catedral Cristo Rei. Na Catedral, a Acolhida Solidária ficará aberta 24h, dia e noite para receber os mais pobres. Já em 2016, a Arquidiocese investiu para melhorar, ainda mais, os serviços oferecidos nesse estratégico setor. Antes, o atendimento social e o atendimento jurídico eram realizados em um mesmo ambiente. Agora, cada um desses serviços tem o seu próprio espaço. Uma assistente social, recentemente contratada, é a responsável pelo atendimento social e encaminhamento das demandas de todos os que procuram a Acolhida. Os casos mais comuns são de pessoas que desejam cestas básicas, roupas e material de higiene pessoal. Já os que procuram o apoio jurídico recebem um atendimento qualificado à parte, em um local com mais privacidade. “Estamos nos preparando para prestar um atendimento cada vez mais bem qualificado e abrangente”, diz o padre Chico Pimenta, vigário para a ação social e política da Arquidiocese de Belo Horizonte.