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Papa Francisco: “Precisamos permanecer nas encruzilhadas do hoje”

Na Audiência Geral desta quarta-feira, dia 29, o Papa Francisco, que ainda se recupera de uma infeção pulmonar, saudou os fiéis e passou a palavra ao monsenhor Filippo Ciampanelli, colaborador da Secretaria de Estado, que leu o discurso preparado para o ciclo de catequeses sobre a Paixão pela evangelização: o zelo apostólico do crente. A Audiência foi realizada na Sala Paulo VI e contou com a presença de inúmeros fiéis e peregrinos que acolheram o Santo Padre com muito afeto.

A proclamação é para hoje

“Quase sempre ouvimos coisas ruins sobre o hoje” – destaca o texto lido por mons. Ciampanelli – “entre guerras, alterações climáticas, injustiças planetárias e migrações, crise da família e da esperança, não faltam motivos de preocupação. De uma forma geral, o hoje parece habitado por uma cultura que coloca o indivíduo acima de tudo e a tecnologia no centro de tudo, com a sua capacidade de resolver muitos problemas e o seu progresso gigantesco em muitos campos”.

O texto do Papa sublinha que a cultura do progresso técnico-individual leva à afirmação de uma liberdade que não quer impor limites e parece indiferente para com aqueles que ficam para trás. E ao ilustrar a catequese com a história da cidade de Babel, o Santo Papa destaca:

 “Ainda hoje a coesão, mais do que a fraternidade e a paz, baseia-se muitas vezes na ambição, nos nacionalismos, na homologação, em estruturas técnico-econômicas que criam a crença de que Deus é insignificante e inútil: não tanto porque buscamos mais conhecimento, mas sobretudo porque buscam mais poder. É uma tentação que permeia os grandes desafios da cultura atual.”

Não ter medo do diálogo

“Na Evangelii gaudium”, ressalta o texto do Papa, “apelei a uma evangelização que ilumine os novos modos de se relacionar com Deus, com os outros e com o ambiente, e que suscite os valores fundamentais”.

 “O zelo apostólico nunca é uma simples repetição de um estilo adquirido, mas um testemunho de que o Evangelho está vivo aqui para nós hoje.”

 “Conscientes disto, olhemos, portanto, para a nossa época e para a nossa cultura como uma dádiva. Elas são nossas e evangelizá-las não significa julgá-las de longe, nem ficar em uma varanda gritando o nome de Jesus, mas sair às ruas, ir aos lugares onde moramos, frequentar os espaços onde sofremos, trabalhamos, estudamos e refletimos, habitar as encruzilhadas onde os seres humanos partilham o que faz sentido para as suas vidas. Significa ser, como Igreja, um fermento de diálogo, de encontro, de unidade. Afinal, as nossas próprias formulações de fé são o resultado de um diálogo e de um encontro entre diferentes culturas, comunidades e instâncias. Não devemos ter medo do diálogo: na verdade, são a comparação e a crítica que nos ajudam a evitar que a teologia se transforme em ideologia”

Precisamos permanecer nas encruzilhadas do hoje. Abandoná-las significaria empobrecer o Evangelho e reduzir a Igreja a uma seita. Frequentá-las, porém, ajuda a nós, cristãos, a compreender de forma renovada as razões da nossa esperança, para extrair e partilhar coisas novas e velhas do tesouro da fé.”

Uma pastoral que incorpore melhor o Evangelho

Na conclusão do texto, o Santo Padre ressalta: “em vez de querer reconverter o mundo de hoje, precisamos converter a pastoral para que ela incorpore melhor o Evangelho”.

“Façamos nosso o desejo de Jesus: ajudar os nossos companheiros de viagem a não perder o desejo de Deus, para que lhe abram o coração e encontrem o único que, hoje e sempre, dá paz e alegria ao homem.”

Papa: paz, por favor! Quem fabrica armas ganha com a morte das pessoas

Ao final da Audiência Geral desta quarta (29), Papa Francisco retoma a palavra depois que um funcionário da Secretaria de Estado lê a catequese e as saudações aos fiéis, devido à dificuldade em falar do Pontífice por causa de uma inflamação nos pulmões e lança um apelo pelo drama no Oriente Médio: “que a trégua em Gaza continue, que todos os reféns sejam libertados e que o acesso à ajuda seja permitido”. O Santo Padre também pediu para que os fiéis não se esqueçam da Ucrânia “que sofre tanto, ainda em guerra”.

 “Paz, por favor, paz… A guerra é sempre uma derrota, todos perdem. Todos, não. Há um grupo que ganha muito: os fabricantes de armas. Esses ganham bem, com a morte dos outros.”

 “Continuemos a rezar pela grave situação em Israel e na Palestina. Paz, por favor, paz… Espero que a trégua em curso em Gaza continue, para que todos os reféns sejam libertados e ainda seja permitido o acesso à necessária ajuda humanitária.”

Um pensamento para a Ucrânia que sofre

Um apelo que foi reiterado nesta quarta (29) pelo Papa que, desde o início da violência, pediu em cada Angelus e Audiência Geral a libertação de homens, mulheres, idosos e até crianças que foram sequestrados. Da mesma forma, Papa Francisco pediu que a atenção não fosse desviada da tragédia que vem ocorrendo há quase dois anos na Ucrânia, onde os ataques do exército russo continuam e o número de vítimas está aumentando. Cerca de 1.780 crianças foram mortas desde fevereiro de 2022, anunciou o Unicef em uma nota emitida nesta terça-feira (28).

“Não esqueçamos, falando de paz, do querido povo ucraniano, que sofre tanto, ainda em guerra.”

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