Milhares de fiéis acompanharam a Audiência Geral, nesta quarta-feira, 4 de dezembro, na Praça São Pedro. O Papa Francisco deu continuidade ao seu ciclo de catequeses sobre o Espírito Santo, destacando o seu papel evangelizador na Igreja. A primeira Carta de São Paulo foi a inspiração do Santo Padre para sua meditação, destacando que “os apóstolos são definidos como aqueles que vos pregaram o Evangelho da parte do Espírito Santo” (1Pd 1,12). Após essa definição, o Pontífice explicou os dois pilares da pregação cristã: “seu conteúdo, que é o Evangelho, e o seu meio, que é o Espírito Santo”.
Evangelho é uma força vinda de Deus
Logo em seguida, o Papa Francisco recordou que, “no Novo Testamento, a palavra ‘Evangelho’ possui dois significados principais. Primeiramente, refere-se à boa nova anunciada por Jesus durante sua vida terrena, conforme descrito nos quatro Evangelhos canônicos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Após a Páscoa, o termo assume uma nova conotação: a boa nova é a mensagem central sobre Jesus Cristo, especialmente o mistério pascal de sua morte e ressurreição”.
Depois, o Santo Padre citou a Carta de São Paulo aos Romanos E sublinhou que o Evangelho é “uma força vinda de Deus para a salvação de todo o que crê” (Rm 1,16). Porém, “alertou que a pregação não deve colocar a lei acima da graça, nem as obras acima da fé. Devemos sempre começar pelo anúncio do que Cristo fez por nós”, explicando “a importância do querigma, o primeiro anúncio que é essencial em toda renovação eclesial, conforme ensinado em sua exortação Evangelii gaudium:
“Não se deve pensar que, na catequese, o querigma é deixado de lado em favor de uma formação supostamente mais ‘sólida’. Nada há de mais sólido, mais profundo, mais seguro, mais consistente e mais sábio que esse anúncio.”
Espírito Santo chega a quem reza
O Papa Francisco também enfatizou “que a eficácia da pregação não se limita a palavras ou doutrinas, mas depende do Espírito Santo, e relembrou que Jesus, no início de seu ministério, proclamou”: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres” (Lc 4,18).
“A Pregação com a unção do Espírito, explicou o Santo Padre, é transmitir vida e profunda convicção, evitando o uso de meras palavras persuasivas de sabedoria. Para os que se perguntam como colocar isso em prática, o Pontífice ofereceu duas orientações fundamentais. Primeiro, a oração:
O Espírito Santo chega a quem reza, porque o Pai celeste – está escrito – ‘dará o Seu Espírito aos que lhe pedirem’ (Lc 11,13), sobretudo se o pedirem para anunciar o Evangelho do seu Filho! Ai de quem pregar sem rezar! Torna-se naquilo que o Apóstolo define como ‘um bronze que ressoa ou um címbalo que retine’ (cf. 1Cor 13,1). Portanto, a primeira coisa que depende de nós é rezar.”
Já a segunda orientação, de acordo com o Pontífice, “é a humildade de não pregar a si mesmo, mas a Cristo”. E neste sentido, o Papa direcionou sua mensagem aos pregadores:
“Muitas vezes há essas pregações longas, de 20 minutos, 30 minutos… Mas, por favor, os pregadores devem pregar uma ideia, um sentimento e um convite a agir. Mais de 8 minutos e a pregação se perde, não se entende. (…) Por favor, a pregação deve ser uma ideia, um sentimento e uma proposta de ação. E não deve passar de 10 minutos. Nunca! Isso é muito importante.”
Ao fim de sua catequese, o Santo Padre sublinhou “que não querer pregar a si mesmo implica também não dar sempre prioridade às iniciativas pastorais promovidas por nós e ligadas ao próprio nome, mas colaborar de boa vontade, se solicitado, em iniciativas comunitárias ou que nos são confiadas por obediência”. O Pontífice finalizou rogando aos fiéis:
“Que o Espírito Santo nos ajude, nos acompanhe e ensine a Igreja a pregar assim o Evangelho aos homens e mulheres deste tempo!”