Nesta quarta-feira, 25 de setembro, milhares de fiéis e peregrinos participaram da Audiência Geral, na Praça São Pedro, para ouvir e refletir sobre “O Espírito e a Esposa”. O Papa Francisco retomou o seu ciclo de catequeses relacionados ao tema, utilizando como referência o Evangelho de São Lucas (Lc 4,1-2.13-14) para sua meditação, recordando que “Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto e lá foi tentado pelo demônio durante quarenta dias”.
A maior astúcia do diabo é convencer-nos de que ele não existe
Papa Francisco sublinhou que “ao ir para o deserto, Jesus obedece a uma inspiração do Espírito Santo, liberta-se de Satanás e, em seguida, regressa à Galileia no poder do Espírito Santo, onde realizou curas e libertação de pessoas possuídas”. Logo em seguida, destacou que “hoje, em certos níveis culturais, acredita-se que o diabo não existe, sendo considerado apenas um símbolo do inconsciente coletivo ou da alienação, uma metáfora”. E acrescentou citando o escritor francês Charles Baudelaire: “a maior astúcia do diabo é convencer-nos de que ele não existe”.
“O nosso mundo tecnológico e secularizado está repleto de magos, ocultismo, espiritismo, astrólogos, vendedores de encantos e amuletos e, infelizmente, de verdadeiras seitas satânicas. Tendo sido expulso pela porta, o demônio voltou, pode-se dizer, pela janela. Expulso pela fé, regressa com a superstição. E se você é supersticioso, está dialogando com o diabo, e com ele não se deve nunca dialogar”, sublinhou o Santo Padre.
De acordo com o Papa Francisco, “a prova mais forte da existência de Satanás não se encontra nos pecadores ou nos possuídos, mas nos santos”. “É verdade que o diabo está presente e opera em certas formas extremas e desumanas do mal e da maldade que vemos à nossa volta. Contudo, é praticamente impossível, em casos individuais, chegar à certeza de que realmente é ele, dado que não podemos saber exatamente onde termina a sua ação e começa o nosso próprio mal. Por isso, a Igreja é muito prudente e rigorosa no exercício do exorcismo, ao contrário do que acontece, infelizmente, em certos filmes”.
“É na vida dos santos que o diabo é obrigado a sair à luz, a estar contra a luz. Mais ou menos todos os santos e grandes crentes testemunham a sua luta contra esta realidade sombria, e não se pode honestamente presumir que todos tenham sido iludidos ou simples vítimas dos preconceitos do seu tempo.”
Jesus nunca dialoga com o demônio
O Santo Padre ao continuar sua reflexão destacou que “na cruz, Jesus derrotou para sempre o poder do príncipe deste mundo”. “E, como dizia São Cesário de Arles: ‘o demônio está amarrado, como um cão numa corrente; não pode morder ninguém, exceto aqueles que, desafiando o perigo, se aproximam dele… Pode latir, pode insistir, mas não pode morder, exceto aqueles que o querem’. Infelizmente, o mundo atual oferece diversas maneiras que dão oportunidades ao diabo”, alertou o Pontífice ao citar o uso da tecnologia:
“Por exemplo, a tecnologia moderna, além de muitos recursos positivos que devem ser apreciados, também oferece inúmeros meios para dar lugar ao diabo, e muitos aí caem. Pensemos na pornografia on-line, por trás da qual existe um mercado próspero: trata-se de um fenômeno muito difundido, contra o qual os cristãos devem, no entanto, precaver-se cuidadosamente e rejeitar vigorosamente.”
Papa Francisco recordou ainda que “Jesus nunca dialoga com o demônio: ou o expulsa, ou o condena, mas nunca dialoga. No deserto, Ele responde não com Suas próprias palavras, mas com a Palavra de Deus”.
“Irmãos, irmãs, nunca dialoguem com o diabo. Quando ele vem com as tentações, dizendo ‘ah, isso seria bom, aquilo seria bom’, pare! Eleve seu coração ao Senhor, reze a Nossa Senhora e expulse-o, como Jesus nos ensinou a fazer. […] Se você for tolo e disser ao diabo: ‘Ah, como você está?’, ele o destruirá. Mantenha distância. O diabo deve ser expulso. E todos nós, todos, temos experiência de como o diabo se aproxima com alguma tentação: quando sentimos isso, pare, mantenha distância; não se aproxime do cachorro preso na corrente.”
A vitória de Cristo
Ao concluir sua catequese, o Papa Francisco destacou “que o reconhecimento da ação do diabo na história não deve ser motivo de desânimo, e o pensamento final deve ser, também neste caso, de confiança e segurança”:
“Cristo derrotou o diabo e deu-nos o Espírito Santo para fazer nossa a sua vitória. A própria ação do inimigo pode ser aproveitada em nosso favor, se, com a ajuda de Deus, a fizermos servir para a nossa purificação. Fiquem atentos, porque o diabo é astuto – mas nós, cristãos, com a graça de Deus, somos mais astutos do que ele.”
*Informações: Vatican News