Diálogo, encontro e caminho foram as três palavras sublinhadas pelo Papa Francisco durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 9 de novembro, na Praça São Pedro, em Roma. A catequese do Pontífice foi dedicada à sua viagem apostólica ao Reino do Bahrein, realizada entre os dias 3 e 6 de novembro.
No início da sua mensagem, o Santo Padre chamou a atenção para duas crianças que se aproximaram dele, afirmando que elas foram até ele sem medo, diretamente, e disse que “assim, nós devemos ser com Deus. Elas nos deram o exemplo de como devemos nos comportar com Deus, com o Senhor. Ir adiante. Ele nos espera sempre. Fez-me bem ver a confiança dessas duas crianças. Elas foram um exemplo para todos nós. Assim, devemos nos aproximar do Senhor, com liberdade”. Logo em seguida, o Papa Francisco agradeceu a todos que trabalharam para que a viagem tivesse êxito. Agradeceu ainda a todos aqueles rezaram e acompanharam esta visita. Também renovou sua gratidão ao Rei do Bahrein, às outras autoridades, à Igreja local e à população pela hospitalidade.
Diálogo, encontro e caminho
O Santo Padre começou sua reflexão com a seguinte pergunta: “É natural perguntar-se: por que o Papa quis visitar esse pequeno país com uma grande maioria islâmica?” E Papa Francisco respondeu a essa pergunta com três palavras: “diálogo, encontro e caminho”.
Segundo o Pontífice, esta viagem foi feita a convite do Rei do Bahrein, Hamad bin Isa bin Salman Al Khalifa, para um Fórum sobre o diálogo entre Oriente e Ocidente. “Diálogo que serve para descobrir a riqueza de quantos pertencem a outros povos, outras tradições, a outras crenças”. Papa Francisco completou explicando que “o Bahrein, um arquipélago formado por muitas ilhas, ajudou-nos a compreender que não se deve viver isolando-se, mas aproximando-se. Exige-o a causa da paz, e o diálogo é o oxigênio da paz”. Para finalizar o Santo Padre disse: “não se esqueçam disto: o diálogo é o oxigênio da paz. Também a paz doméstica. Se há uma guerra entre marido e mulher, depois com o diálogo se segue adiante com a paz. Dialogar também na família”, reiterou.
O Papa Francisco recordou ainda que há quase sessenta anos, o Concílio Vaticano II, falando sobre a construção do edifício da paz, declarou que ‘ela exige certamente que [os homens] dilatem o espírito mais além das fronteiras da própria nação, deixem o egoísmo nacional e a ambição de dominar sobre os outros países, e fomentem um grande respeito por toda a humanidade, que já avança tão laboriosamente para uma maior unidade’.
O Pontífice frisou que durante visita ao Bahrein, ele sentiu esta exigência e desejou que, “no mundo inteiro, os responsáveis religiosos e civis saibam olhar além das próprias fronteiras, das suas comunidades, para cuidar de todo o conjunto. Somente assim podem ser enfrentados certos temas universais, como o esquecimento de Deus, a tragédia da fome, a tutela da criação, a paz”.
De acordo com o Santo Padre, “neste sentido, o Fórum de diálogo, intitulado ‘Oriente e Ocidente pela convivência humana’, exortou a escolher o caminho do encontro e a rejeitar o do desencontro. Quanto precisamos disto! Penso na guerra insensata de que a martirizada Ucrânia é vítima, e em muitos outros conflitos, que nunca serão resolvidos através da lógica infantil das armas, mas unicamente com a força suave do diálogo”.
Hospitalidade e diálogo
Ao prosseguir com sua reflexão, o Papa Francisco relembrou que no Bahrein ele sentiu “várias vezes o desejo de que haja mais encontros entre cristãos e muçulmanos, que se estreitem relações mais sólidas, que nos interessemos mais uns pelos outros”. O Pontífice também recordou que “no Bahrein, como se faz no Oriente, as pessoas levam a mão ao coração quando cumprimentam alguém”. “Também eu o fiz”, a fim de criar espaço dentro de mim para quantos eu encontrava. Pois sem hospitalidade, o diálogo resta vazio, aparente, permanece uma questão de ideias, não de realidade”, sublinhou.
Um novo passo no caminho entre cristãos e muçulmanos
Para refletir sobre o Caminho, o Papa Francisco afirmou que “a viagem ao Bahrein não deve ser vista como um episódio isolado, faz parte de um percurso inaugurado por São João Paulo II, quando foi ao Marrocos”.
Segundo o Santo Padre, a primeira visita de um Papa ao Bahrein “representou um novo passo no caminho entre fiéis cristãos e muçulmanos: não para nos confundirmos nem para diluir a fé, mas para construir alianças fraternas em nome do Pai Abraão, que foi peregrino na terra sob o olhar misericordioso do único Deus do Céu, Deus da Paz. Por isso, o lema da viagem foi: Paz na terra aos homens de boa vontade”.
Papa Francisco ainda recordou que “diálogo, encontro e caminho no Bahrein tiveram lugar inclusive entre os cristãos”, ao mencionar o encontro ecumênico, de oração pela paz, com o amado Patriarca Bartolomeu, e com pessoas de várias confissões e ritos.
Fraternidade entre irmãos e irmãs
Ao finalizar sua reflexão, o Santo Padre disse que encontrou no Bahrein irmãos e irmãs trabalhadoras e que “vivem verdadeiramente a caminho: são na maioria trabalhadores imigrantes que, longe de casa, encontram as suas raízes no Povo de Deus e a sua família na grande família da Igreja. E vão em frente com alegria, na certeza de que a esperança de Deus não desilude”, sublinhou.
Para concluir, o Papa Francisco convidou a nos sentirmos chamados “a dilatar os horizontes, corações dilatados, não fechados, duros, mas abertos, porque somos todos irmãos e para que essa fraternidade humana cresça. Dilatar os horizontes, alargar os interesses e nos dedicar ao conhecimento dos outros”. E frisou dizendo que “se você se dedicar a conhecer os outros, você nunca será ameaçado. Para prosseguir, o caminho da fraternidade e da paz tem necessidade de todos e de cada um”.