Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira (05/12), realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano, o Papa Francisco meditou sobre São José como pai adotivo de Jesus Cristo.
Como pai oficial de Jesus, José exerceu o direito de indicar o nome ao filho, reconhecendo-o juridicamente. Antigamente o nome era o compêndio da identidade de uma pessoa. Dar o nome a alguém ou a algo significava afirmar a própria autoridade sobre o que era denominado, como fez Adão quando conferiu um nome a todos os animais.
Época de orfandade notória
José sabe que para o filho de Maria havia um nome estabelecido por Deus: “Jesus”, que significa “O Senhor salva”, como o Anjo explicou: “Porque ele salvará o povo dos seus pecados”. “Este aspecto particular da figura de José nos permite hoje refletir sobre a paternidade e a maternidade”, disse o Papa, acrescentando:
Acredito que seja muito importante pensar a paternidade hoje, porque vivemos uma época de abandono explícito. É curioso! A nossa civilização é um pouco órfã e sente esse desamparo. Que São José, no lugar do verdadeiro pai, Deus, nos ajude a entender como resolver esse sentimento que nos faz muito mal hoje.
De acordo com o Papa Francisco, “não é suficiente colocar um filho no mundo para dizer que também somos pais ou mães”. “Não se nasce pai, se torna. E não se torna pai apenas porque se colocou um filho no mundo, mas porque se cuida responsavelmente dele. Sempre que alguém assume a responsabilidade pela vida de outra pessoa, em certo sentido exerce a paternidade a seu respeito”.
Não ter medo de escolher o caminho da adoção
José nos mostra que este tipo de vínculo não é secundário, não é uma alternativa. Este tipo de escolha está entre as formas mais elevadas de amor. Não devemos ter medo de escolher o caminho da adoção, de assumir o “risco” do acolhimento.
“Hoje, com a orfandade existe um certo egoísmo. Outro dia, eu falava sobre o inverno demográfico que existe hoje. Se vê que as pessoas não querem ter filhos ou têm um e acabou. Muitos casais não têm filhos porque não querem ou tem um só e chega, mas têm dois cachorros, dois gatos que tomam o lugar dos filhos. Sim, é engraçado, entendo, mas é a realidade. Renegar a paternidade e a maternidade nos diminui, tira a nossa humanidade.”
Maternidade e paternidade, plenitude da vida de uma pessoa
Segundo o Papa, deste modo “a civilização se torna mais velha e sem humanidade, porque se perde a riqueza da maternidade e paternidade e quem sofre é a Pátria que não há filhos. Como dizia alguém humoristicamente: “E agora quem pagará os impostos para a minha aposentadoria se não há filhos? Quem cuidará de mim? Peço a São José a graça de despertar as consciências e a pensar nisso: a ter filhos”, disse ainda o Papa Francisco, afirmando que “a maternidade e a paternidade é a plenitude da vida de uma pessoa“.
Se vocês não puderem ter filhos, pensem na adoção. É um risco, sim. Ter um filho é sempre um risco, tanto natural quanto de adoção, porém, é mais arriscado não ter. Mais arriscado é negar a paternidade e a maternidade, tanto real quanto espiritual. Um homem e uma mulher que não desenvolve esse sentido, falta alguma coisa de principal, importante. Pensem nisso, por favor.
Instituições prontas para ajudar na adoção
O Pontífice espera “que as instituições estejam sempre prontas a ajudar neste sentido da adoção, controlando seriamente, mas também simplificando o procedimento necessário para que se realize o sonho de tantos pequeninos que precisam de uma família, e de tantos cônjuges que desejam entregar-se com amor”. O Papa então contou o testemunho de um médico, muito importante, que com sua esposa resolveram adotar um filho. “Quando chegou o momento, foi-lhes oferecida uma criança e alguém disse: “Não sabemos como será a saúde dela. Talvez terá alguma doença”. O médico então disse: “Se você tivesse comentado isso antes, talvez teria dito não. Mas eu o vi: o levo embora”. Este é o desejo de ser pai, de ser mãe na adoção também. Não tenham medo”.
“Rezo para que ninguém se sinta sem um vínculo de amor paterno. Que São José exerça a sua proteção e a sua ajuda sobre os órfãos; e que interceda pelos casais que desejam ter um filho”, concluiu o Papa.