Artigo de dom walmor

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Respostas olímpicas

A beleza da abertura dos jogos olímpicos Rio 2016 elevou, e muito, a autoestima da sociedade brasileira. A releitura histórica e cultural apresentada no desenrolar da solenidade comprova a existência das sólidas bases que o povo tem para enfrentar, com envergadura, suas labutas diárias e edificar uma realidade nos alicerces da justiça, da solidariedade e da paz. Enxergar e reconhecer as riquezas que definem o Brasil é oportunidade para dar passos decisivos rumo a uma sociedade organizada - na perspectiva social, política e cultural -, buscando parâmetros do desenvolvimento integral e na contramão de retrocessos civilizatórios. Nesse sentido, a abertura dos jogos olímpicos não pode ser esquecida - há sempre esse risco, em razão da chamada “memória curta” que ataca cabeças e centros decisórios – pois é mais que simples fantasia. Trata-se de documento que compromete cada cidadão a apresentar “respostas olímpicas”.

Essas respostas, para serem alcançadas, exigem muita disciplina e empenhos, concentração e espírito de equipe. Necessitam de um sentido patriótico que ultrapasse a mediocridade do interesse limitado pela busca do dinheiro. Ser “olímpico” está muito além de se almejar conquistas apenas pela vaidade ou de se almejar, mesquinhamente, vitórias desconectadas do bem que é de todo o povo. Construir “respostas olímpicas” é espelhar-se nos atletas que, diante das metas, reconhecem a tarefa exigente da disciplina, esforço e muito trabalho. Uma construção norteada especialmente pelo sentido de lealdade e o compromisso de se representar uma nação. Assim, visualiza-se na medalha em disputa o sentido do bem maior, a estima e a alegria, capazes de impulsionar a vida de um povo, a “tocha da honestidade” que deve sempre estar acesa.

A sociedade precisa, urgentemente, de “respostas olímpicas” para sair de marasmos e “enrolações” gerados, justamente, pela falta de sentido olímpico que possa nortear desempenhos, funções e missões. Essa deficiência impede o desenvolvimento almejado. Por isso, os ares olímpicos precisam tocar os rostos de líderes, construtores da sociedade pluralista, dos representantes do povo, formadores de opinião, educadores e de tantos outros segmentos. Assim será possível renovar o tecido cultural, tornando-o substrato para superar atrasos sociais vergonhosos na sociedade brasileira. Isso se torna claro quando se avalia os desdobramentos no mundo da política, que tem no horizonte as eleições municipais. Inconsistências e a falta de envergadura nas candidaturas, além da carência de nomes com credibilidade e competência apontam para a grande distância que existe entre o ponto de partida - a necessidade de mudanças - e a meta a ser alcançada.
Constata-se também a falta de força de líderes regionais para impulsionar o desenvolvimento de infraestruturas, o sentido e o apreço pela própria cultura. É lamentável a tibieza das autoridades políticas que não conseguem defender os interesses dos seus representados e assim alavancar, para além de interesses partidários, o crescimento, a articulação das microrregiões, a partir da vocação de territórios e de suas riquezas histórias, culturais e patrimoniais. Ainda mais séria é a falta de sentido de cidadania que corrói o marco civilizatório, o respeito, os bens e as exigências que preservam a inteireza da dignidade humana.
No horizonte dos sonhos desenhados durante a abertura das Olimpíadas, sejam tocados os brios dos cidadãos brasileiros para se começar a desenhar novos cenários regionais, tendo como meta a busca por soluções audaciosas e o comprometimento de todos. Essas são as “respostas olímpicas”, capazes de promover avanços na cultura e na civilização.

 
 
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
 Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
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