A crise de credibilidade que impacta diferentes instituições na sociedade contemporânea exige a participação de todos na busca por soluções - de igrejas a pequenos produtores, incluindo, obviamente, grandes empresários e os três poderes da República. A credibilidade é um importante bem em todas as instituições. A Igreja Católica, por exemplo, deve continuamente aprimorar seus serviços religiosos, sociais e educativos, primando pela credibilidade. O compromisso principal da Igreja é, em todas as ações, proclamar a Palavra de Deus, fonte perene de valores, dos parâmetros éticos e morais que devem guiar todos os trabalhos. Nessa missão, cada pessoa que se dedica aos muitos serviços da Igreja deve se empenhar para aperfeiçoar processos e procedimentos e, assim, continuamente, qualificar o trabalho prestado ao Povo de Deus. Assim é possível contribuir para que muitos cultivem a fé e colaborem, decisivamente, na construção de uma sociedade mais justa.
Sem credibilidade, a Igreja não pode desempenhar a sua missão. E do mesmo modo, as diferentes instituições precisam da credibilidade, ou vão amargar prejuízos. Caso exemplar e recente é a crise no mercado a partir das denúncias da Operação Carne Fraca. Estabeleceu-se um clima de insegurança que afetou negativamente esse setor com reflexo nos indicadores da economia brasileira. Prova de que a credibilidade é mesmo um bem precioso. Quando perdido, compromete os resultados e os serviços prestados. Por isso, sublinha-se a responsabilidade cidadã, nas diferentes atividades, de sempre cultivar e preservar esse bem.
Instituições e segmentos diversos pagarão caro toda vez que seus representantes agirem fora dos parâmetros da honestidade, transparência e do altruísmo. E para recuperar a credibilidade, é preciso percorrer um longo caminho. Por isso, cada pessoa deve ser verdadeira no que faz e fala. Não se avançará sem o “ouro” da credibilidade. Conquistá-la e fortalecê-la deve ser a meta de todos. Isso implica agir com lisura nos mais diferentes processos. Um compromisso de primeira grandeza.
Há de se despertar o gosto pelos parâmetros que sustentam a credibilidade. Quem é verdadeiro e honesto abre mão de privilégios. Esse é que deve assumir a linha de frente. Como Diógenes, com a lanterna na mão, precisa inspirar todos a cultivar esse valor. Importante nesse caminho é superar um péssimo hábito que contamina o tecido da cultura: considerar elogiável quem consegue o que quer valendo-se de trapaças e mentiras.
Assim, todos são convocados para uma autoavaliação com o objetivo de identificar atitudes que ameacem a credibilidade das instituições. Essa é uma tarefa inadiável para renovar o fundamento da cultura. Agir com seriedade é condição para que a sociedade alcance o patamar que já deveria ter conquistado. Nas mãos de cada um está a chance de renovar as instituições. Para isso, todos se empenhem no resgate desse importante bem.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte
Ilustração: Lelis | Jornal Estado de Minas