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Dom Walmor Oliveira de Azevedo

O Dia das Mães, celebração do segundo domingo de maio, mais do que tradicional comemoração, é oportunidade para resgatar nobres sentimentos. Há um magistério do coração materno com propriedades únicas e sustentadoras da vida, com autenticidade, singeleza e beleza. Mãe é sempre a pessoa que se torna uma ciência de vida, emoldurada por seus gestos de nobreza. Uma altivez que se projeta no âmbito dos balizamentos divinos. Compreende-se porque a mãe é expressão mais completa do amor misericordioso do Pai. 

 

Deus quis uma Mãe para o seu filho: Maria, a Mãe de Jesus, que ao participar da vida e missão de seu filho, com admirável simplicidade, delicadeza completa e artística discrição, alcança a estatura da mais cativante nobreza. Atenta, escuta e obedece a escolha de Deus dizendo seu sim. Alcança uma compreensão com medidas humanamente perfeitas para acolher o querer divino. Nela, Maria, realiza-se a mais completa expressão da obra da criação, quando coberta pela invisível presença amorosa do Espírito Santo se torna a Mãe do Salvador do mundo. Caminha com Ele, acompanhando-o no seu crescimento, de modo exemplar no desempenho pedagógico de quem foi escolhida para ser a Mãe do Mestre e Senhor.

 

Nas circunstâncias de sua missão, mostra-se atenta às necessidades dos outros, expressão nobre dos mais importantes sentimentos. Vive angústias e obediência amorosa que geram alegrias e guarda tudo no coração, tornando-o um sacrário de sabedorias não encontrados nos livros, não ensinados nas academias e não alcançados pelas estratégias . O exemplo de Maria mostra que cada mãe é merecedora de toda reverência. Nossa Senhora alcança o mais relevante patamar da condição de filha de Deus quando enxerga, pela fé, a certeza da vitória diante dos sofrimentos, como a crucifixão e morte de um filho. Não por acaso, o artista Aleijadinho, na imagem veneranda da Senhora da Piedade, aquela da Ermida da Padroeira de Minas, destaca o olhar que revela a dor e, ao mesmo tempo, a luminosidade que só a fé pode dar à razão humana e ao coração da criatura.

 

Dessa Mãe, a Mãe de Deus, cada mãe, na singularidade de sua história de vida cultural e familiar, e nas particularidades dos dons e de sua própria missão, tem o necessário para ser especial e no seu dia ser reverenciada Toda mãe é mestra, sem ser professora. É sábia, sem ser intelectual ou estudada. Tem realeza, sem pertencer a dinastias monárquicas. Dona do que for, muito ou pouco, revela a capacidade inimitável de doação e de partilha. Assim, alivia os pesos da miséria, dos sofrimentos, consola nas tristezas e inspira, mesmo depois de ter partido deste mundo, audácias, coragem, sentimentos de gratidão. Alimenta por seus gestos jamais esquecidos o tesouro dos nobres sentimentos. 

 

Faço votos que este segundo domingo de maio, congregando famílias, reunindo filhos ao redor de suas mães, também pela lembrança das que já partiram desta vida, emolduradas por uma saudade que não passa, seja uma oportunidade de festa. Além disso, que seja um momento singular para reavivar os nobres sentimentos, segundo medidas do amor de mãe, para que se concretize, com mais rapidez e perfeição, o que só o amor aprendido e vivido pode alcançar: um tempo novo para este novo tempo do terceiro milênio.

 

Você, como filho ou filha, resgate no seu coração e na sua vida o que pode fazer dela o verdadeiro dom que é: as lições que as mães ensinam pelos nobres sentimentos. Parabéns, mães, com apreço, benção e a proteção da Nossa Senhora da Piedade, Mãe Padroeira de Minas Gerais.  

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte 

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