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Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Um importante convite e um grito que precisa ser ouvido ecoam no horizonte de nossa sociedade. O convite vem do coração generoso e interpelante do Papa Francisco.  É, na verdade, uma convocação para que todos nós, amanhã, dia 7 de Setembro, nos dediquemos a um dia de jejum e de orações. A intenção particular é a Síria, atingida por gravíssimos conflitos, que estão provocando a morte de muitos civis e inocentes. Esse ambiente de guerra, e tantos outros pelo mundo afora, chama-nos todos a uma intervenção para mudar a realidade desses cenários.

 

Os mandatários das nações, por instâncias competentes, têm o dever de intervir, com discernimento e respeito, de modo incisivo e urgente, para acabar com os conflitos, compartilhando tudo o que remete à paz. Uma guerra, seja qual for a sua proporção ou situação geográfica, não é uma questão simplesmente de quem a vive. Traz graves consequências para toda a humanidade. Assim, cada um é chamado a participar dessa reconstrução da paz, partindo do próprio coração até alcançar as proporções organizacionais, nos mais diferentes níveis da sociedade civil e da comunidade internacional.

O convite é para um dia de jejum e orações, movimento que gera uma força invisível, capaz de alimentar a paz, dom que tem sua fonte principal em Deus e no coração de cada pessoa. Para os brasileiros, será vivido em data marcante, o Dia da Pátria – 7 de Setembro, quando a Igreja, em parceria com outras entidades, realizará o Grito dos Excluídos.   Um movimento que, em quase duas décadas de celebração, convoca a pátria a ser mais solidária, particularmente com os pobres. No horizonte, está o dever de acabar com os quadros de exclusão, que na contramão da paz, geram violência.

 

Combater a exclusão é sensibilizar-se para as urgentes demandas sociais, um caminho que foi reivindicado pela juventude.  Os jovens, protagonistas de significativos acontecimentos ao longo deste ano - a Jornada Mundial da Juventude, a Semana Missionária, a Campanha da Fraternidade 2013 e as manifestações populares pelas ruas de nossas cidades - indicaram a importância dos projetos populares. Ouvir essas demandas sugere uma direção nova, remédio para se vencer a burocratização e as dinâmicas cartoriais, que produzem privilégios injustos, alimentam a corrupção e prejudicam o discernimento de prioridades.

 

Mais do que um simples protesto, o Grito dos Excluídos é oportunidade para ouvir aqueles que sofrem.  Um movimento para alimentar a indispensável sensibilidade social que emoldura o que se escolhe e o que se faz – da conduta cidadã ao exercício do poder – pela solidariedade que conduz na direção da paz. Sem escutar o grito daqueles que estão desamparados, a sociedade perde o rumo, cai no precipício das guerras, grandes e pequenas.

 

A vivência do jejum e orações no dia 7 de Setembro, convite do Papa Francisco, é uma oportunidade para esse exercício fundamental de se buscar a paz. É verdade que para alcançá-la são importantes as relações diplomáticas e tratados entre nações. Porém, o convite do Papa permite cultivar na consciência o entendimento de que a chama da paz é mantida, principalmente, a partir do coração de cada pessoa. Os impulsos ditatoriais, a ganância que fomenta o vício venenoso da corrupção, a incompetência que apazigua hipocritamente os corações na convivência com a miséria, a discriminação e a exclusão de cidadãos não estão simplesmente nos ares, nos outros, bem longe. O jejum e a oração, remédios educativos, livram os corações desses males. Permitem o exercitar-se na gramática de Deus, evitando o distanciamento do verdadeiro sentido da vida de cada um e de todos, congregados na diversidade de culturas, povos, línguas e nações.

 

Com preocupação, voltados fraternalmente para a Síria, enxergando outros focos de guerra pelo mundo afora e atentos solidariamente ao grito daqueles que são vítimas da exclusão social, estamos convocados a educar nossos corações. Esse processo não tem outro ponto de partida e referência fundamental senão o que Jesus nos revelou: Deus é amor, a vocação maior de cada pessoa é o amor, grande instrumento da paz.

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

 

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