Amados irmãos e irmãs! Como gostaria de falar sobre a “vocação universal”. Porém, é muito abrangente. Ela, a primeira e a razão de todas. A primeira vocação é a vida. Sem ela não há inclinação, aptidão ou vocação. Nela se ancora, como um navio no porto ou em auto mar, a segurança e o desejo da busca da felicidade. Não há felicidade sem a entrega total da vida. É Deus o autor da vida. É ele que inicia no nosso intimo o começo de tudo para que o tudo d´Ele se torne realidade na criatura. Vamos, neste escrito, saborear o chamado de Deus à vocação especifica: a vocação sacerdotal.
Deus chama! A iniciativa é d´Ele, “vós não me escolhestes a mim, mas fui eu que vos escolhi”. Uma iniciativa que não se confunde. Ele conhece o coração dos escolhidos. Ele chama o sacerdote do meio do povo para servir o povo. Homens simples, cheios de fragilidades, abertos à conversão da vida, fraternos com o povo e os irmãos, principalmente, com os pobres e excluídos. Fica claro que a vocação ao ministério sacerdotal não é algo criado pela pessoa humana. Ela descobre como ser vocacionado, chamado por Deus.
A vocação ao ministério sacerdotal é viva e eficaz porque se manifesta na experiência da fé praticada dentro da comunidade cristã, tornando-a a casa e a família do convocado. Ela nasce na Igreja. Na Igreja aprende a servir e a amar os irmãos, contempla agradecida a mediação da comunidade e alarga o coração no amor a Deus.
A resposta ao chamado de Deus como sacerdote é visto na perspectiva do amor-serviço, doação, disponibilidade e entrega total. Essa prontidão muitas vezes quer dizer renúncia |
Deus chama e a resposta é sua. “Seduziste-me Senhor, e eu deixei-me seduzir” Jr 20,7. A força misteriosa que atrai o ministério sacerdotal levando uma pessoa a deixar tudo, a fazer o que gosta e ama, só é possível entender no âmbito da fé. “A iniciativa de Deus, sua provocação dobram a vontade da pessoa, fazendo-a assumir um projeto novo, até mesmo contrário ao que ela sonhava e desejava”.
A resposta ao chamado de Deus como sacerdote é visto na perspectiva do amor-serviço, doação, disponibilidade e entrega total. Essa prontidão muitas vezes quer dizer renúncia, não só a contravalores, mas também a tendências e desejos bons. Diante do apelo de Deus, das necessidades da comunidade, o sacerdote é chamado a ir muito além da simples aptidão. Jesus fala aos discípulos com clareza: “Segue-me, e eu farei de vos pescadores de homens”Mc 1,17. Tiago e João seu irmão deixaram seu oficio de consertar redes. Imediatamente, deixaram as redes e seu pai Zebedeu, e puseram-se a seguir Jesus.
O sacerdote é o missionário por excelência enviado do Pai. Tudo que faz não faz por si mesmo, faz auxiliado pela Graça de Deus. A unção recebida faz com que a missão na vida seja como a missão de Jesus Cristo. Nela traz toda a força e expressão concreta do que o Pai pede: “O Senhor Jesus Cristo, a Quem o Pai ungiu com o Espírito Santo e revestiu de poder, te guarde para a santificação do povo fiel e para oferecer a Deus o santo sacrifício”. Também, a responsabilidade de toda graça: “Recebe a oferenda do povo santo para apresentá-la a Deus. Toma consciência do que vais fazer e põe em pratica o que vais celebrar, conformando a tua vida com o mistério da cruz do Senhor”.
Enfim, a resposta ao chamado de Deus deve ser livre. Não em busca de satisfação de si mesmo, mas em conformidade com aquele que chamou à vida e à vocação sacerdotal.
Tu me amas? apascentas as minhas ovelhas. Por amor a Cristo, nasce o amor ao povo. Esse amor que é fruto do amor a Cristo.
Pe. Roberto Rubens
membro da Comissão Arquidiocesana Bíblico-Catequética.