Ser catequista em comunidade cristã é ser presença de luz que possibilita essa importante opção e amadurece o ato de fé. Sermos presença de luz é o desejo de Jesus. A luz surpreende! Flagra procedimentos ambíguos, desaponta intensões perversas! Possibilita opções. Busquemos o Senhor lá onde Ele quer ser encontrado: no meio dos “sem lugar”. São milhares de rostos clamando por luz.
Cremos ser de fundamental importância o objetivo da catequese de cumprir sua missão de levar as pessoas inseridas no processo de evangelização ao conhecimento, ao amor e ao seguimento de Jesus Cristo. Para obter o conhecimento, este vem das experiências dos discípulos com Jesus e das primeiras comunidades que caminharam com os discípulos. Estas experiências nós podemos encontrá-las ao estabelecer o contato com textos bíblicos que as relatam. A leitura do evangelho de Jesus segundo Marcos é a mais indicada, por ser provavelmente o relato mais antigo. Nele podemos perceber como são apresentadas, de forma bem direta, objetiva e clara, as ações do Jesus Histórico.
É preciso conhecer para amar e seguir
No centro da catequese, nós encontramos uma Pessoa. É a Pessoa de Jesus de Nazaré. “Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade”, que sofreu e morreu por nós, e que agora, ressuscitado, vive conosco para sempre. É este mesmo Jesus que é “o caminho, a Verdade e a Vida”, e a vida cristã consiste em seguir a Cristo.
Viver a vida cristã é viver um projeto de vida, pois ela requer um processo de passos de aproximação, mediante os quais a pessoa aprende e se deixa envolver pelo mistério amoroso do Pai, pelo Filho, no Santo espírito. Seu agir será outro. Mas para que esse novo modo de viver e agir aconteça, exige-se a observância de várias etapas e ou estágios de desenvolvimento da pessoa, desde criança, que não podem passar despercebidas.
Por um lado, temos as fases da catequese que levam, primeiramente para o despertar da fé, o conhecer Jesus, conhecer o primeiro anúncio, (Querígma). Conhecendo Jesus, vamos para o passo seguinte de ser iniciado na fé, de comungar e participar da fé na comunidade, perseverar e assumira fé no compromisso com a defesa e promoção da vida. Todo esse caminhar transformador, no campo pessoal, comunitário e social é realizado por meio de experiências vivenciais, símbolos, ritos, celebrações, tempos e etapas.
Cada pessoa tem sua história. Iniciando pela criança, cada uma tem a sua história. A fase inicial é a partir da vivência familiar com o seu ambiente de harmonia, de encontro, de solidariedade e de esperança que a criança começa a plasmar a sua história pessoal. A catequese vai ajudar as crianças a viverem essa fase junto a seus familiares oferecendo dinâmicas que as despertem para uma atitude de buscas do outro, de partilha e de práticas solidárias. Para isso o catequista vai buscar o conhecimento para narrar histórias de Jesus que retratam essas dimensões. Nas narrativas do Evangelho, principalmente no Evangelho de Marcos, aprendemos com Jesus como se relacionar com as pessoas. Jesus, por onde passa, mantém contato com as pessoas, dá atenção especial a cada uma, olha para a pessoa de forma profunda, contagia e liberta as pessoas para a vida. Para Marcos, a vida de Jesus é uma Boa-Notícia e deve ser contada a todos de forma a se encantarem com ela. Na verdade, catequizar é levar alguém a perscrutar (esmiuçar, procurar, investigar, vasculhar) o mistério da vida do Cristo em todas as suas dimensões: expor à luz, diante de todos, qual seja a disposição divina, o Mistério. Isto quer dizer: procurar compreender o significado dos gestos e das Palavras de Cristo e dos sinais por Ele realizados. Ao se colocar em comunhão, em intimidade com Jesus Cristo, Ele pode nos levar ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar na vida da Santíssima Trindade.
Nesse sentido, para ser um bom evangelizador, o catequista precisa ter contato com o texto bíblico, meditar sobre as experiências que as pessoas fizeram de Deus, presente na Bíblia e assim ser instrumento qualificado para propiciar aos catequizandos, o conhecimento da Pessoa de Jesus. Se o catequista for um conhecedor e um apaixonado pela pessoa e causa de Jesus de Nazaré, ele irá contagiar as pessoas e fazerem com elas também amem o jeito de ser de Jesus, o seu jeito de relacionar-se com as pessoas, de valoriza-las, de cuidar delas. Vale lembrar que o fundamento da fé não é a palavra do catequista, mas a figura reveladora de Jesus Cristo.
Assim foi o jeito de Jesus. O objetivo de Jesus sempre foi a verdade que liberta as pessoas. Ele sempre foi fazendo e ensinando. Os discípulos ficavam cheios de admiração e surpreendidos por verem Jesus ensinar sempre e em qualquer lugar, e fazê-lo de uma maneira e com uma autoridade desconhecida até então.
Esses ensinamentos são de fundamental importância para que as pessoas (crianças, jovens e adultos) façam a experiência do Deus que Jesus anuncia: o Deus que não está na doença nem na pobreza, muito menos é Ele que as envia. O Deus que Jesus anuncia quer somente a vida. No Evangelho de Marcos Jesus é aquele que traz um novo rosto de Deus. Meditar e vivenciar o Evangelho são formas de ir descobrindo o rosto de Deus na prática e no relacionamento de Jesus com as pessoas. Anunciando a mensagem do Evangelho, Ele nos convida a responder a Deus que nos ama e nos salva, reconhecendo-o nos outros e saindo de nós mesmos para procurar o bem de todos, pois o que Jesus quer é “vida em abundância para todos” e que “nenhum desses pequeninos se perca”. Isso é ação evangelizadora. Isso é catequizar a partir de Jesus Cristo, tornando presente a presença de Deus.
Neuza Silveira de Souza – Coordenadora do secretariado
Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte