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[Artigo]Uma catequese querigmática e evangelizadora -Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de BH

Uma catequese querigmática coloca em relevo um acento de primeiro anúncio, uma catequese que procura voltar ás fontes da pregação apostólica para recuperar sua força missionária, sua capacidade de adaptação a culturas diversas e sua concentração no essencial.

Essa catequese define como conteúdo uma explanação do evangelho aos que, já tocados pelo anúncio inicial, mostram interesse por conhecê-lo melhor, visando uma opção sólida da fé. Quem é Jesus? O Filho de Deus que vem ao mundo e comunica a Boa-Nova do Reino de Deus, mostrando que ele não deseja impor sua vontade, mas sim permitir que as pessoas baseadas na compreensão e no amor, o aceitem em suas vidas.

Toda palavra e ação de Cristo revelam o projeto salvador do Pai para a humanidade. O primeiro passo para o anúncio é levar a fé cristã a povos e lugares que nunca ouviram falar de Jesus Cristo e em todos os seus atos de salvação. Sua ressurreição é o fundamento do cristianismo. O querígma é anterior à doutrina. É um convite a aderir à pessoa de Jesus. É anunciar que Jesus é Deus, nasceu de Maria sob a ação do espírito Santo, viveu na terra fazendo o bem, com milagres, perdão dos pecados e promovendo a vida das pessoas. Ele foi julgado, morto e sepultado, mas ressuscitou. Também o querígma é oferecido àqueles que já conhecem a pessoa de Jesus Cristo, mas não fizeram sua adesão com fé. Vivem o cristianismo sem nenhum compromisso com a Palavra de Jesus.

O querígma exige comprometimento com seus ensinamentos. Jesus pregava o Reino de Deus por palavras e obras. Esta é a Boa-Nova: todos são convidados a participar desse Reino, mas para entrar nele é preciso conversão e comprometimento: acolher a Palavra de Deus e viver conforme sua verdade. Segundo o DGC 58, o primeiro anúncio e a catequese fundante constituem a opção prioritária no processo da nova evangelização. Fazer uma catequese evangelizadora, ou seja, uma catequese cheia de seiva evangélica e com linguagem adaptada aos tempos e ás pessoas.

Um cuidado especial é estar ciente das realidades nas quais se encontram aqueles que serão evangelizados. Primeira situação são aqueles povos, grupos humanos e contextos socioculturais nos quais se desconhece Cristo e seu evangelho. Nessa situação a catequese evangelizadora se realiza no estilo missionário. Uma segunda situação são as comunidades cristãs fervorosas na fé e na vida, testemunhas do evangelho em seu ambiente e comprometidas na missão. Nessa situação a evangelização realiza-se mediante a ação pastoral da Igreja. Outros grupos também podem ser comtemplados com a evangelização. Sãos grupos de batizados que perderam o sentido vivo de sua fé, ou já não se consideram como membros da Igreja, afastados de Cristo e de seu evangelho.

Mesmo nas mais diversas situações, a catequese necessita ser comprometida que anuncia o amor de Deus baseado no compromisso com o humano.

Uma grande contribuição para a enculturação da catequese em nossas realidades eclesiais de América Latina foi os acontecimentos das conferências de Medellín e Puebla. A assembleia de Medellín trouxe para a nossa catequese a exigência de uma catequese com fundamentos na revelação, fiel à transmissão da mensagem bíblica, não só em seu conteúdo doutrinal, mas, sobretudo, fiel às realidades dos fatos da vida do homem de Hoje. Uma catequese evangelizadora que assume as situações históricas e as aspirações do ser humano interpretadas à luz das experiências vivenciais do povo de Israel, de Cristo e da comunidade eclesial.

Olhando para os grandes desafios da atualidade, tais como: a não conversão pessoal, um desconhecimento religioso em relação à bíblia, a Doutrina Católica, à Doutrina Social da Igreja, o Infantilismo Religioso, o Devocionismo que não leva à conversão, etc., somos chamados a promover uma renovação da catequese retornando às fontes em busca de uma catequese com inspiração catecumenal, reiterando o processo de Iniciação à Vida Cristã, um modelo catequético do século III e IV que oferece possibilidades de realização do encontro pessoal com Jesus Cristo, que leva ao Pai, no dinamismo do Espírito e insere aqueles que dela participa na vida da comunidade eclesial.

É desse modelo catequético que nos fala o documento de Aparecida. Também o Papa Francisco que ressalta em suas catequeses como essencial, o encontro pessoal com Jesus Cristo, o caráter comunitário e missionário da Igreja, a opção preferencial pelos pobres e a alegria no seguimento de Jesus.

Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-catequético de Belo Horizonte.



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