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Um ministério vital para a Igreja

Quem ainda não descobriu a necessidade de iniciar a pastoral litúrgica em sua comunidade corre o risco de andar à margem dos caminhos percorridos pela Igreja, desde a realização do Concílio Vaticano II. A finalidade da Pastoral Litúrgica, definida no documento 43 da CNBB, é: “a ação organizada e corajosa da Igreja para levar o Povo de Deus à participação consciente, ativa e frutuosa na Liturgia” (Doc. 43, CNBB, n. 185). Salta aos olhos nesta definição o adjetivo “corajosa”. Ele não foi usado para enfeitar a frase. Denuncia algum entrave que exige dos membros das equipes de liturgia paciência, sabedoria, bom senso e fé.

A comunidade, muitas vezes acaba por dificultar o trabalho das equipes de liturgia, evitando as ações pastorais que resultam em mais dedicação, mudanças e reformas que, porventura, possam vir acompanhadas de mais trabalho. Essas pessoas ainda não se conscientizaram da importância do protagonismo do leigo na caminhada da Igreja. Sentem saudades do tempo em que o padre batia o sino, fazia as leituras, enfeitava o altar, puxava os cantos, rezava a consagração e ainda lavava as alfaias…

Uma devota senhora, injustamente, reclamou: “A comunidade é refém da equipe de liturgia”. Vemos aí indício de que é preciso muita coragem para se atuar na pastoral litúrgica.  Com isso ela demonstrou incapacidade de, na caridade, simplesmente perguntar: “Por que estamos agindo assim agora?”.

“A palavra liturgia, que pode ser traduzida por trabalho (divino), tem um protagonista: o próprio Espírito Santo de Deus”

Graças a Deus muitas comunidades têm um grupo de pessoas cujo trabalho é ajudar a todos a participar mais efetivamente da liturgia. Se todos colocam a colher no guisado, as celebrações saem aguadas e desorganizadas. A equipe de liturgia não retém, mas procura devolver a verdadeira liturgia da Igreja para sua comunidade! Ainda mais: podem existir grupos de liturgia dominadores, mas esta não é a regra! Eles são vítimas da pior doença que pode acometer uma comunidade: os destruidores sentimentos de ciúmes, o complexo de inferioridade e a vaidade ferida.

Algumas feridas precisam ser expostas para ser ventiladas e começar a cicatrizar:
•    Por que certos párocos resistem à ideia de implantar uma equipe de liturgia? Todas as dioceses contam com uma comissão diocesana de liturgia, apta a colaborar neste trabalho.
•    Muitas vezes, os leigos e leigas têm conhecimento profundo da liturgia, podendo enriquecer o saber dos próprios párocos. Mas alguns vivem a repetir: “Não se ensina o padre nosso ao vigário”. E se o ‘vigário’ não se atualizou em algum aspecto do conhecimento? Isso pode ocorrer, afinal, todo mundo está aprendendo.
•    Por que as outras equipes e grupos pastorais concorrem com os membros da equipe de liturgia, criando conflitos que poderiam ser evitados?
•    Por que há equipes de liturgia que disputam com o pároco e a comunidade, querendo impor inovações que não se coadunam com a realidade comunitária? As equipes também cometem seus erros…
•    O que é melhor: deixar tudo como está para ver como é que fica, ou confiar nos irmãos e irmãs que desejam servir ao corpo de Cristo (Igreja) com a preparação de celebrações?
•    Antes de criticar a equipe de liturgia de sua comunidade, que tal perguntar fraternalmente “por que isto aconteceu?”, ou quem sabe, se dispor a participar da equipe?
•    Quanto aos novos párocos, ao assumir as suas paróquias, procurem conhecer o trabalho feito antes de tomar qualquer atitude, sobretudo em relação à liturgia.
 
A palavra “liturgia”, que pode ser traduzida por ‘trabalho’ (divino), tem um protagonista outro, que não o colega sacerdote que partiu, mas o próprio Espírito Santo de Deus. A presidência é sempre do Cristo e não nossa (padres), conforme afirma a Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia (SC 7). Isso faz da liturgia lugar de muito cuidado e reverência, onde vale mais tirar a sandália dos pés (Ex 3) do que se impor com cortes e modificações. A consonância com a genuína tradição da Igreja e a verdadeira reforma litúrgica deslanchada pelo Concílio Vaticano II são uma saudável trilha a se percorrer.

 

Pe. Antônio Damásio Rêgo Filho
Pároco de Santa Teresinha do Menino Jesus da Santa Face

 

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