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Turismo religioso: PUC Minas oferece curso de graduação

PUC Minas: inscrições abertas para a graduação em Turismo Religioso

A PUC-Minas apresenta, no início do próximo semestre, seu Curso Superior de Tecnologia em Gestão do Turismo, com ênfase no Turismo Religioso.  A graduação tecnológica foi planejada a partir de uma perspectiva pastoral e objetiva preparar o aluno para práticas de gestão e planejamento em turismo religioso.

A Universidade oferece bolsa de 50% da mensalidade para aposentados e pensionistas do INSS, do IPSEMG ou de outro instituto de previdência oficial; colaboradores de instituição religiosa ou de organização do terceiro setor (sindicatos, federações, associações); trabalhadores do setor Turístico; ex-alunos da PUC Minas; integrantes de comunidades indígenas ou quilombolas, regularmente reconhecidos, e funcionários da Sociedade Mineira de Cultura (SMC).

As pessoas que desejarem fazer o curso devem procurar a coordenação, no prédio 14 da PUC-Minas, Unidade Coração Eucarístico. Desde já, os interessados podem obter informações pelo telefone (31) 3319 4942 ou agendar uma visita.

O Turismo Religioso sempre fez parte das atividades dos milhões de católicos espalhados pelo mundo. Aqui em Minas Gerais, ele cresce de maneira decisiva, fazendo com que lugares sagrados, como o Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté, tenham sua importância cada vez mais renovada.

 Para  falar sobre o tema o coordenador da área de Turismo da PUC-Minas, professor Edmundo de Novaes Gomes concedeu entrevista ao  jornalista Adriano Ventura, da Rádio América AM-750, emissora da Rede Catedral de Comunicação Católica.

O que é o turismo religioso?

Basicamente, é o turismo que possui a fé como motivação principal. Geralmente, ele está atrelado ao calendário e a acontecimentos religiosos das localidades receptoras. No que diz respeito ao Cristianismo de uma maneira mais específica, temos na peregrinação um de seus conceitos mais específicos. E a peregrinação é uma viagem realizada por um devoto a um lugar considerado sagrado. As primeiras peregrinações do Cristianismo acontecem no séc. IV, em direção à Terra Santa. Elas darão origem às próprias Cruzadas e, por sua vez, derivam das viagens pagãs ao cabo Finisterra, onde se julgava, no passado, que o mundo acabava. Tudo para ver o deus Sol Morrer na costa ocidental europeia, perto de Santiago de Compostela, na Galícia.

É possível ter uma ideia de quanto o turismo religioso movimenta atualmente?

Existem dados que revelam que este tipo de turismo movimenta cerca de 330 milhões de pessoas por ano, gerando receitas de 15 a 18 bilhões de euros. Segundo World Travel Market para a América Latina (WTM-LA) só no Brasil foram realizadas quase 8 milhões de viagens de Turismo Religioso em 2015.

Quais os principais roteiros religiosos de Minas Gerais?

Eu acredito que, hoje, o principal roteiro está ligado ao Caminho Religioso da Estrada Real, o CRER, que conta com cerca de 850 km ligando Aparecida ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Caeté. A reboque do CRER, existe também o VER: Vivendo a Estrada Real, que é um projeto muito interessante que busca a integração das Serras da Piedade e do Caraça. Neste pequeno trecho entre serras, temos, além da religiosidade que chama o turista para o Santuário da Piedade e para o Caraça, atrativos culturais e naturais de grande beleza e importância, como o Sítio Arqueológico da Pedra Pintada, Santa Bárbara com seu Hotel Quadrado e Catas Altas com sua tradição musical. Mas não se deve esquecer que tais roteiros ainda são embrionários, devendo se desenvolver muito mais nos próximos anos. O próprio Santuário de Nossa Senhora da Piedade, acredito, só teve sua importância acentuada depois que o atual arcebispo de Belo Horizonte, Dom Walmor, chamou a atenção para ele, cuidando do lugar com carinho e devoção.

Em números, o que significa essa devoção?

De acordo com dados do Centro de Promoção e Divulgação Cultural e Religiosa da Arquidiocese de Belo Horizonte, coordenado que doutora Cláudia Rech, o Santuário da Piedade recebeu nada menos que 468.328 visitantes em 2015. Só para se ter uma ideia, Inhotim, que é considerado um dos maiores atrativos turísticos da região metropolitana, recebeu, segundo o jornal Diário do Comércio, 400 mil visitantes em 2014. Tais números mostram de maneira indiscutível a importância do Turismo religioso, ainda que, muitas vezes, não consigamos percebê-la.

O crescimento de práticas religiosas é um fator importante na determinação de locais com potencial turístico?

Sem dúvida. O Turismo Religioso cresce a partir de fatos e de práticas que se registram nos locais. Foram fatos como a aparição da imagem de Nossa Senhora que criaram a devoção à padroeira do Brasil. E são práticas como a do Círio de Nazaré, que já acontece há dois séculos, que dão origem a fatos que têm na devoção e na fé suas características mais específicas. Ou seja: no Turismo Religioso, fatos dão origem a práticas e práticas também produzem fatos.

O turismo religioso é motivado, principalmente, pelo aspecto religioso,  ou os romeiros e peregrinos também buscam explorar esses locais promovendo outras atividades?

Como já se disse, é na fé que se pode encontrar a origem do Turismo Religioso. Mas, geralmente, ele está ligado a um outro tipo de turismo. Quem vai a Roma para ver o Papa acaba vendo também a Capela Sistina e a arte de Michelangelo e Bernini. Quem faz o Caminho de Santiago também faz um roteiro turístico de contemplação da própria natureza. O mesmo acontece com a Serra da Piedade, em que o peregrino encontra não apenas a natureza, mas também a gastronomia. Por outro lado, roteiros culturais podem também conduzir à religiosidade. É o caso das cidades históricas em Minas Gerais. Conhecer as obras de arte de Aleijadinho é também entrar em contato com uma mística profundamente religiosa.

Ultimamente, as rotas religiosas têm ganhado espaço na área do turismo. Como o senhor avalia essa procura?

Elas sempre tiveram espaço no Turismo. Agora, isso está sendo mais divulgado. Sobretudo aqui em Minas Gerais, com o trabalho cuidadoso de Dom Walmor na Serra da Piedade, que vem sendo reconhecido pelo próprio Estado. Talvez não com a importância que merece, acredito. O cuidado com determinado tipo de Turismo também faz com que as pessoas se interessem por ele. É o que acontece aqui em Minas. E isso é muito bom. Para a economia, para a fé das pessoas e para o entorno, muitas vezes formado por gente humilde, que pode progredir com este tipo de Turismo.

O turismo religioso pode ser considerado uma atividade de lazer?

Não apenas de lazer. Se repararmos bem, todo os tipos de turismo podem se relacionar com o religioso: o cultural; o turismo de formação, ou pedagógico; o turismo gastronômico; o ecológico; e até mesmo o de aventura e de consumo, ou de negócios. Muitas vezes, uma pessoa que vai a Uberaba participar de uma feira de pecuária, tradicional na região, acaba arranjando um tempo para conhecer os atrativos religiosos ligados a Chico Xavier naquela cidade.

Mesmo sendo com fins religiosos, há uma abordagem cultural em cada viagem. Como é visto esse aspecto nas peregrinações?

Como já se disse, turismo religioso não é só deslocamento. Em boa parte dos casos, é na arte que a mística da religiosidade e sua transcendência podem ser encontradas. Os exemplos são inúmeros e se espalham pelo mundo inteiro, basicamente em todas as religiões. Por outro lado, o que são as manifestações religiosas populares, como as romarias, as festas, as procissões, os encontros, as quermesses, as pregações, as missas, senão, também, manifestações culturais?

Quais os roteiros religiosos mais procurados?

As maiores peregrinações, no Brasil, acontecem para Aparecida; para o Círio de Nazaré, no Pará; para o Santuário do Divino Pai Eterno, em Goiás; para Juazeiro do Norte, no Ceará, pela devoção ao Padre Cícero; para Nova Trento, no Santuário de Madre Paulina, em Santa Catarina. No mundo, os destinos mais procurados são Santiago de Compostela, Assis, Lourdes, Fátima, e a própria Aparecida, pela religião católica, exclusivamente; Varanasi, na Índia, pelo hinduísmo; Bodhgaya, também na Índia, e Lhasa, no Tibete, pelo Budismo; e Meca, na Arábia Saudita, no mundo muçulmano. Também não se pode esquecer de Jerusalém, que reúne turistas das principais religiões do mundo. E de Roma, é claro, lembrando que este ano o Papa Francisco convocou para esta cidade o Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

Nas viagens que você esteve presente, quais os momentos mais marcantes?

Em Portugal, fui marcado pela experiência de Fátima. É extraordinário perceber como as pessoas se entregam à própria fé. Ver alguém entrando de joelhos pela grande passarela de Fátima é algo divino. Aqui, no Brasil, sou sempre impactado pela experiência mística, que envolve também a natureza, em minhas idas e vindas com meus alunos da PUC-Minas ao Santuário de Nossa Senhora da Piedade. Creio que, daquela Serra, ao lado da mãe de Minas, podemos sempre vislumbrar o profundo.

Como é preparado um roteiro para uma peregrinação religiosa? O que se leva em conta?

Com bastante estudo e planejamento. Deve-se levar em consideração as expectativas, a fé, a mística e, sobretudo, as necessidades dos devotos e demais envolvidos.

Qual a diferença entre uma peregrinação e outra viagem sem fins religiosos?

Creio que seja a questão da mística. Em uma peregrinação, a mística deve estar presente. Assim, palavras como contemplação, paixão, devotamento são a chave para aquilo que o turista religioso busca, que é, em última instância, conhecer, tocar, tentar alcançar o Divino.

O que motiva os turistas de cunho religioso?

Acredito que é exatamente isso: a ideia de que é possível entrar em contato com o Divino de uma maneira especial.

A PUC Minas irá oferecer um Curso de Turismo Religioso. Fale um pouco sobre ele.

É verdade. A partir do segundo semestre deste ano, a PUC-Minas irá oferecer, no turno da tarde, a Graduação Tecnológica em Gestão do Turismo, com ênfase no Turismo Religioso. Trata-se de um curso muito bonito, com duração de dois anos, que tem valor de graduação. Nele, os estudantes aprendem, entre outras coisas, a planejar, criar, administrar e produzir viagens, eventos e roteiros religiosos. Trata-se de um tecnólogo, essencial para quem deseja trabalhar com o Turismo Religioso em sua paróquia ou cidade e também para quem busca, simplesmente, tornar ainda mais viva sua experiência de fé com as viagens que faz pelo Brasil e pelo mundo. Sempre é bom lembrar que o Turismo Religioso é um dos tipos de turismo que mais cresce em Minas e no Brasil.

E quando o interessado pode se matricular?

 

A partir de junho de 2016. Basta procurar a Coordenação do Curso de Turismo, no prédio 14 da PUC-Minas, no Coração Eucarístico. Mas, desde já, estamos à disposição dos interessados para explicar todos os detalhes do curso. Basta ligar para 31.33194942 e agendar uma visita.

Há bolsas de estudo?

Sim. A PUC-Minas está distribuindo bolsas de 50% para aposentados e pensionistas do INSS, do IPSEMG ou de outro instituto de previdência oficial; para colaboradores de qualquer instituição religiosa, não apenas as católicas; para afiliados a organizações do terceiro setor, como sindicatos, federações, associações etc.; para trabalhadores do setor turístico; para ex alunos da PUC-Minas; para membros de comunidades indígenas ou quilombolas regularmente reconhecidas; e, como não poderia deixar de ser, também para funcionários da Sociedade Mineira de Cultura. É importante dizer que, para ingressar no curso, a pessoa deve ter concluído o ensino médio e fazer uma redação.



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