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Tempo de amadurecer a fé

No tempo comum não celebramos nenhum aspecto peculiar do mistério de Cristo, afirma acertadamente o documento Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e sobre o Calendário, publicado em 1969.  Mas não nos satisfaz permanecer nesta definição, pela qual somos informados a respeito “do que não é” o tempo comum. Ainda bem que o citado documento vem imediatamente nos socorrer, deixando claro que o tempo comum recorda o mesmo mistério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos.
 

Passadas as solenes celebrações dos chamados tempos fortes, Natal e Páscoa, voltamos à rotina dos “domingos verdes”- assim chamados em razão de o verde ser a cor litúrgica desse tempo. De certa forma, é reconfortante reencontrarmo-nos ritualmente na cotidianidade do ministério público de Jesus. A rotina e o cotidiano não devem nos aborrecer. Sem rotina, sem dias comuns, nossa vida se torna insuportavelmente cansativa. A alegria dos passeios por paisagens e cidades esfuziantes não supera o contentamento de voltar para casa e encontrar nossa cama arrumada e constatar que tudo se encontra no mesmo lugar.
 

Nesse tempo, que passou pela transformação mais profunda do Concílio Vaticano II, descortina-se para nós o cotidiano salvífico da existência de Jesus.

A palavra “comum” não goza de boa fama entre nós. A melhor manga de minha infância era a manga rosa ou manga ubá. A manga “comum” era desprezada porque, fruta quase nativa, encontrada em todos os quintais, enchia-nos os dentes de fiapos e era lançada aos porcos. O dicionário trata cruelmente o adjetivo “comum”, referência ao que é banal, trivial e corriqueiro.

Não é correto tratar o tempo comum como se fosse um tempo litúrgico de segunda classe. Mesmo porque é o tempo sobre o qual os padres conciliares mais colocaram seus cuidados, fazendo dele uma novidade da reforma litúrgica. Antes do Concílio Vaticano II, havia domingos depois da epifania e domingos depois de Pentecostes. Agora, o tempo comum forma uma unidade, concedida pelo lecionário.

O tempo comum não se equipara em grandeza, teológica e liturgicamente, aos ciclos da Páscoa e do Natal. Contudo, é tempo importante no qual se comemora a obra salvadora de Cristo. Nele transcorre o mistério pascal de modo progressivo e profundo. Para a mistagogia dos batizados e confirmados que celebram a Eucaristia em cada domingo, o tempo comum é um verdadeiro programa de formação continuada.

Por meio da proclamação dos Evangelhos penetramos no mistério da salvação, dando ênfase ao ministério público de Jesus. A liturgia da Palavra é proclamada de forma semicontinuada, o que favorece à assembleia reunida o amadurecimento na fé e a participação mais linear na mesa da Palavra. Os domingos se encadeiam e isso permite uma vivência substancial do mistério celebrado.

Durante trinta e três ou trinta e quatro semanas,  o tempo comum começa depois da festa do batismo de Jesus, prosseguindo até a terça-feira antes da Quaresma inclusive. Recomeça na segunda-feira depois do domingo de Pentecostes e termina antes das primeiras vésperas do primeiro domingo do advento. Nesse tempo, que passou pela transformação mais profunda do Concílio Vaticano II, descortina-se para nós o cotidiano salvífico da existência de Jesus.
 

Pe. Antonio Damásio Rêgo Filho
Pároco da paróquia Santa Teresinha
do Menino Jesus da Santa Face

 



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