A monição inicial, conforme orienta a Instrução Geral ao Missal Romano é prevista depois da saudação de quem preside. É uma exortação introdutória com o objetivo de ajudar o povo reunido a «entrar no mistério” (IGMR 31.50). O verbo usado na edição típica latina é introducere, que significa literalmente «guiar para dentro». Por essa razão, do ponto de vista «lexical», ou seja, dos termos escolhidos e usados, deve ser adaptado às condições de compreensão da assembleia (IGMR 30).
A mesma Instrução (n.31 e 50) nos propõe que seja curta (paucis verbis/brevíssima verba), o que é importante para evitar a inflação de palavras e não tirar dos próprios ritos sua eloquência natural. O próprio Missal traz alguns exemplos interessantes em algumas ocasiões, como na festa da Apresentação do Senhor e no Domingo de Ramos que podem servir de modelo.
Do ponto de vista do «conteúdo» a monição inicial deve exprimir em poucas palavras e com tom exortativo aquele aspecto do Mistério de Cristo que está em evidência naquela ocasião específica do ano litúrgico. Observando os dois exemplos citados acima, verificamos uma estrutura simples. Tomemos, brevemente, a monição prevista no Missal para a festa da Apresentação do Senhor, dia 02 de fevereiro:
“Irmãos e irmãs, há quarenta dias celebrávamos com alegria o Natal do Senhor. E hoje chegou o dia em que Jesus foi apresentado no Templo por Maria e José. Conformava-se, assim à Lei do Antigo Testamento, mas na realidade vinha ao encontro do seu povo fiel. Impulsionados pelo Espírito Santo, o velho Simeão e a Profetisa Ana também foram ao Templo. Iluminados pelo mesmo Espírito reconheceram o Senhor naquela criança e anunciaram com júbilo.
Também nós, reunidos pelo Espírito Santo, vamos nos dirigir à casa de Deus, ao encontro de Cristo. Nós o encontraremos e reconheceremos na fração do pão, enquanto esperamos sua vinda na glória.”
Em primeiro lugar, temos uma seção mais ou menos longa que recapitula biblicamente a referência e fundamento da festa. No entanto, é desde o início enquadrada dentro da dinâmica da experiência celebrativa da comunidade (“há quarenta dias…”). O evento não é tratado no passado, note-se que é dito “hoje chegou o dia em que Jesus foi apresentado no Templo”. Esse é um cuidado importante pois, como fazia notar Cipriano Vagaggini, a Liturgia abre aos fiéis o mundo da Sagrada Escrítura para que eles entrem. Em seguida, passa-se à «exortação» propriamente dita, conforme nomeada na própria rubrica: após a saudação inicial se “faz uma breve exortação, convidando os fiéis a celebrarem de modo ativo e consciente o rito da festa”. Nesta seção exortativa, admoesta-se a comunidade para que disponha-se entrar na dinâmica ritual proposta (a procissão ou entrada solene) e se lhe oferece uma chave interpretativa da própria eucaristia, no caso, orientando a percepção dos fiéis reunidos para que reconheçam-na como prolongamento e cumprimento da promessa do Senhor que vem ao encontro dos seus.
Não é necessário que a monição seja exatamente esta já que o Missal faculta a possibilidade de outra redação. Cabe, portanto, à Equipe de Liturgia estudar bem os ritos e depois de chegar a uma inteligência do sentido espiritual da festa, elaborar a e exortação inicial.
P.S.: Então, meus amigos e amigas, não esqueçam de escrever-nos comentando os artigos e contando-nos sobre sua experiência e eventuais dúvidas: querosabermais.sobreritosepreces@arquidiocesebh.org.br
Pe. Márcio Pimentel
é presbítero, teólogo liturgista,
membro do Secretariado Arquidiocesano de Liturgia
e da Celebra – Rede de Animação Litúrgica.