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Sobre Ritos e Preces: O comentário inicial na Missa: costume superado?

         Algumas pessoas nos escrevem perguntando a respeito dos comentários durante as celebrações. Especialmente sobre o famoso “comentário inicial”. Certamente existem ainda bastante comunidades que seguem à risca este hábito de abrir a celebração com uma breve alocução dirigida à comunidade, no intuito de acolhê-la e até mesmo dispô-la à bem celebra os Mistérios. Associe-se ao comentário inicial as listas de intenções, às vezes «quilométricas». Sobre estas falaremos noutra ocasião.

A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, seguindo as diretivas da Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium proporcionou-nos programas rituais que permitem o exercício regulado da criatividade nas comunidades. Os livros litúrgicos atuais são bastante flexíveis no que consta de inserir no fluxo da celebração pequenas monições ou exortações desde que não comprometam a dinâmica e a natureza das ações rituais.

Em geral, as monições são essencialmente funcionais e é aí que se encontra o grande risco. Sendo uma «obra de arte», nada na celebração pode ser reduzido à “utilidade”. Por exemplo, aquele ou aquela que preside a oração litúrgica está ali não só porque a assembleia precise de um «dirigente», como uma antiga maria-fumaça precisava de um maquinista senão descarrilhava. Quem preside certamente tem uma função. Mas, liturgicamente, exerce um ministério: é sinal de Cristo que conduz a sua Igreja. E daí por diante. Então, de fato, precisamos ter alguma atenção com as monições.

O Missal Romano prevê algumas intervenções como possíveis no decurso da Missa, por exemplo. No caso, não são apenas monições, mas também fórmulas de introdução e conclusão. Em se tratando da monição inicial, a IGMR 50 a localiza depois do rito processional (canto, entrada dos ministros) e saudação de quem preside. A Instrução Geral não orienta a fazê-la noutro momento e isso nos indica algo importante: a celebração tem seu início com um discurso, mas com uma ação comunitária, constituinte da assembleia litúrgica.

A monição inicial é opcional. Trata-se de um auxílio aos fiéis a entrarem no espírito da celebração. É preponderantemente exortativa. Na Missa, o ministro que a profere pode ser quem preside, o diácono ou um ministro não-ordenado. Na celebração da Palavra de Deus, será quem preside ou outro ministro incumbido do serviço.

Uma boa exortação inicial nasce da percepção do Mistério celebrado naquela ocasião e exige – como tudo relativo à liturgia – preparação. É tarefa da Equipe de Liturgia, que obviamente inclui aquele que preside, descobrir o sentido litúrgico e compor a monição que integrará o roteiro celebrativo. Sobre o «conteúdo» e o modo de proferí-la, conversaremos em nosso próximo artigo. Até lá.

P.S.: Ah! Não esqueça de escrever-nos comentando os artigos e contando-nos sobre sua experiência e eventuais dúvidas: querosabermais.sobreritosepreces@arquidiocesebh.org.br

 

                                       Pe. Márcio Pimentel
é presbítero, teólogo liturgista,
membro do Secretariado Arquidiocesano de Liturgia
e da Celebra – Rede de Animação Litúrgica.

 



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