Três verbos foram destacados pelo Papa Francisco na sua homilia, durante a Missa em que foi iniciado o processo do Sínodo sobre a Sinodalidade, neste domingo, dia 10: “Encontrar, escutar, discernir”. Para a Celebração, leigos, religiosos, sacerdotes, bispos e cardeais se reuniram na Santa Missa na Basílica Vaticana. O processo sinodal, aberto neste domingo pelo Papa Francisco, será concluído daqui dois anos, com o Sínodo dos Bispos sobre a tema da sinodalidade. Em comunhão com a Igreja no mundo todo, a Arquidiocese de Belo Horizonte iniciará a fase diocesana do processo sinodal no próximo domingo, durante Celebração Eucarística presidida pelo arcebispo dom Walmor na Catedral Cristo Rei.
Papa Francisco, inspirado no Evangelho deste domingo, que apresenta um homem rico que foi ao encontro de Jesus enquanto o Mestre se punha a caminho, explicou: “Jesus não tinha pressa, não olhava o relógio para acabar rápido o encontro. Estava sempre a serviço da pessoa que encontrava, para ouvi-la.”
“Deus não habita em lugares assépticos e pacatos, distantes da realidade, mas caminha conosco”, ensinou o Pontífice, perguntando: “Nós, comunidade cristã, encarnamos o estilo de Deus, que caminha na história e partilha as vicissitudes da humanidade?”
O Evangelho deste domingo narra um encontro, sublinhando que Jesus não fica indiferente. “Também nós, que iniciamos este caminho, somos chamados a tornar-nos peritos na arte do encontro; peritos, não na organização de eventos”, mas “na reserva de um tempo para encontrar o Senhor e favorecer o encontro entre nós”.
Deus muda tudo quando somos capazes de encontros verdadeiros com Ele e entre nós… “sem formalismos nem fingimentos, nem maquiagens”.
Depois do encontro, o passo sucessivo é escutar. E mais uma vez Papa Francisco se dirige à assembleia: “Como estamos quanto à escuta? Como está ‘o ouvido’ do nosso coração? Permitimos que as pessoas se expressem? Fazer Sínodo é colocar-se no mesmo caminho do Verbo feito homem: é seguir as suas pisadas, escutando a sua Palavra juntamente com as palavras dos outros. É descobrir, maravilhados, que o Espírito Santo sopra de modo sempre surpreendente para sugerir percursos e linguagens novos.”
Por fim, a palavra “discernir”. O encontro e a escuta recíproca, explicou Papa Francisco, não são um fim em si mesmos, deixando as coisas como estão. “Pelo contrário, quando entramos em diálogo, no fim já não somos os mesmos de antes, mudamos, como indica o Evangelho de hoje. Jesus intui que o homem à sua frente é bom, mas quer conduzi-lo para além da simples observância dos preceitos – uma indicação preciosa também para nós: o Sínodo é um caminho de discernimento espiritual, que se faz na adoração, na oração, em contato com a Palavra de Deus.”
A Palavra guia o Sínodo, para que não seja uma “convenção” eclesial, um convênio de estudos ou um congresso político, mas um evento de graça, um processo de cura conduzido pelo Espírito Santo. “Assim como fez com o homem rico do Evangelho, Jesus chama a Igreja a libertar-nos daquilo que é mundano e também dos fechamentos e dos modelos pastorais repetitivos, para interrogar-se a direção para onde Ele quer conduzir.”