É santo todo aquele a quem Cristo tomou como objeto de seu amor, de seus dons de perdão e da graça divinizadora, destinando-o a sua obra de salvação. Diante disso, o mandamento sede santos parece redundância, pois a santidade não é conquista do homem, e sim um dom irrevogável de Deus.
Todavia, esse mandamento nada tem de redundante, uma vez que se dirige a nossa liberdade, convidando-nos a participar com nossa acolhida pessoal do dom de Deus. Acolher esse dom significa comprometer a totalidade de nossa vida, de modo que nenhuma manifestação de nossa existência fique fora desse agir de Deus.
Essa santificação é obra do Espírito Santo na Igreja, em virtude da qual o ser humano, em todas as dimensões de sua existência, se renova e se torna reflexo e instrumento dócil da vontade divina para sua obra de salvação no mundo. Cada um recebe a santidade divina conforme sua própria natureza.
As pessoas são consideradas em toda a sua liberdade, levando a santidade até ao compromisso moral, à conduta, a toda a existência!Até as coisas são santas! Nas coisas materiais, Deus põe o símbolo de sua presença e de sua obra: ao final da criação, Ele viu que tudo quanto havia feito era muito bom, exigindo tratamento respeitoso, proteção, zelo por parte do ser humano, que recebeu tudo das mãos de Deus. O santo é aquele que sabe cuidar de seu planeta!
Nesse sentido, a valiosa colaboração do Concílio Vaticano II é mostrar que a Santidade da Igreja se expressa uniformemente na variedade das pessoas e grupos. No capítulo 5 da Lumen Gentiumlemos: “os seguidores de Cristo são chamados por Deus não por suas obras, mas segundo seu desígnio e sua graça”.
Eles são justificados no Senhor Jesus porquanto pelo batismo da fé se tornam verdadeiramente filhos de Deus e participantes da natureza divina e, portanto, realmente santos. É, pois, necessário que eles guardem e aperfeiçoem em sua vida a santidade que receberam.
É assim, pois, evidente que todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Por esta santidade se promove também na sociedade terrestre um modo mais humano de se viver!”.
Já que não nos é dado o poder de determinar os perfis da santidade própria de cada um, fica a esperança de conhecer ao menos aspectos que caracterizam o santo
de nosso tempo.
O santo será alguém atento, sensível à história e ao mundo, solidário com todos, que desenvolve suas qualidades pessoais e sociais; que revela a presença de Deus aos irmãos e lhes devolvem o essencial da vida. É cristão sem espetáculos, que reanima a vida e conserva a esperança nas pessoas.
Que os novos santos recentemente canonizados pelo Papa Francisco – São José de Anchieta, São João XXII e São João Paulo II, intercedam por todos e nos ensinem a assumir nosso batismo para vivermos a santidade dos filhos e filhas de Deus.
Frei Leandro Alcides, OCD
Pároco da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora
Bairro João Pinheiro, Belo Horizonte – MG