A Quaresma é um tempo de luta contra as insídias do demónio e desta luta nasce a conversão dos corações – diz o Papa Francisco. Com palavras muito simples, o Santo Padre explica que o Evangelista Marcos descreve a prova enfrentada voluntariamente por Jesus, antes de iniciar a sua missão messiânica, uma prova da qual o Senhor sai vitorioso e que o prepara para anunciar o Evangelho do Reino de Deus.
Jesus, naqueles 40 dias de solidão, enfrentou Satanás “corpo a corpo”, desmascarando as suas tentações, e o venceu, explica o Pontífice. “A Igreja faz-nos recordar este mistério ao início da Quaresma, porque esse nos dá a perspectiva e o sentido deste tempo, que é tempo de combate espiritual contra o espírito do mal. E enquanto atravessamos o “deserto” quaresmal, mantemos o nosso olhar para a Páscoa, que é a vitória definitiva de Jesus contra o Maligno, contra o pecado e contra a morte.”
Esse percurso – prossegue o Papa – passa pelo deserto, e o deserto é o lugar onde se pode escutar a voz de Deus e a voz do tentador. No barulho e na confusão, reiterou, isto não se pode fazer; ouvem-se apenas vozes superficiais, ao passo que no deserto podemos descer em profundidade, onde se joga verdadeiramente o nosso destino, a vida ou a morte: “E como escutamos a voz de Deus? Ouvimo-la na sua Palavra. E por isso é importante conhecer as Escrituras, porque senão nós não saberemos responder às insídias do maligno. E aqui gostaria de voltar ao meu conselho de cada um ler todos os dias o Evangelho, meditá-lo um pouco, uns dez minutos, e também trazê-lo sempre conosco no bolso, ter o Evangelho na mão. O deserto quaresmal nos ajuda a dizer ‘não’ à mundanidade, aos “ídolos”, ajuda-nos a fazer escolhas corajosas de acordo com o Evangelho e a reforçar a solidariedade para com os irmãos”.
O Papa convida todos a entrarem sem medo no deserto, pois não estamos sozinhos: estamos com Jesus, com o Pai e o Espírito Santo. E mais, como ocorreu com Jesus, o Espírito Santo nos guiará no caminho quaresmal, o mesmo Espírito que desceu sobre Jesus e que nos foi dado no Batismo. A Quaresma é, ensina o Papa Francisco, um tempo privilegiado que nos deve levar a tomar cada vez mais consciência que o Espírito Santo que recebemos no Batismo, operou e pode operar ainda hoje em nós e, no fim do caminho quaresmal, ou seja na Vigília Pascal, poderemos renovar com maior consciência a aliança batismal e os compromissos que dela derivam.
* Nesta semana, o Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria Romana participaram de um retiro. Por isso, não tivemos a catequese tradicionalmente realizada às quartas-feiras. Assim, a catequese destacada nesta edição do Opinião e Notícias se refere ao Angelus do último Domingo.