Etapa arquidiocesana da 5ª Assembleia do Povo de Deus (APD) |
Continuando nossa reflexão sobre as diretrizes da 5ª Assembleia da nossa Arquidiocese de Belo Horizonte, o tema de hoje é sobre Fé, Política e Cidadania. Trata-se de um tema muito importante para a formação do nosso ‘ser cristão’ uma vez que ele tem sua fundamentação na Palavra de Deus e nos ensinamentos da Igreja.
Fé, Política e Cidadania é um compromisso pautado na promoção do bem comum e, como sinal de comunhão, revela a justiça do Reino. Assim sendo, a realização desse compromisso é ação de todos os cristãos.
Primeiramente torna-se necessário esclarecer sobre a palavra ‘política’, fazendo a distinção entre o que é Política Social e Política partidária. Todos os trabalhos relacionados com a organização da saúde, a rede escolar, os transportes, os salários, tudo que diz respeito ao bem comum da sociedade tem a ver com a Política Social. Lutar juntos com o objetivo de conseguir, para o bairro em que se mora, rede de esgoto, luz elétrica, escola, posto de saúde, é fazer política social.
A política partidária representa a luta pelo poder de Estado, para conquistar o governo municipal, estadual e federal. Os partidos políticos existem com o objetivo de se chegarem ao poder para exercê-lo assim como ele se encontra constituído, atualizando-o ou modificando conforme se propõe no seu projeto político partidário.
Compreendendo a diferença entre o ‘ser político’ e o ‘tomar partido na política’, pode-se falar do ato de se envolver nas atividades necessárias para conseguir bens comuns, para cuidar dos bens e conservá-los. Isso é Política Social. Mas se envolver nessas atividades para colocá-las em prática exige das pessoas esclarecimentos que a Igreja pode ajudar a se obter por meio da sua Doutrina Social.
A Igreja ajuda a bem direcionar as ações para as maiores necessidades da sua comunidade. Ela deve interferir no campo ético-moral e econômico que sempre tem reflexo sobre o ser humano e seus direitos. Ela se coloca em serviço, oferece formação e convoca os cristãos para contribuir no exercício da cidadania. As paróquias são lugares de constituir uma pastoral de Fé e política para, em conjunto com as demais pastorais, trabalharem em prol das dificuldades existenciais da sua comunidade.
Nesse sentido, essas atividades entram no conjunto da ação evangelizadora da Igreja constituindo-se como tarefa da catequese. Desde criança somos convidados a cuidar, proteger e melhorar nossa a comunidade. A prefeitura, na sua ação política partidária, faz as praças, os parques, o campo de futebol e todos as crianças, jovens e adultos colocam em prática suas ações políticas sociais para cuidar proteger e conservar.
Como anda a nossa Arquidiocese na prática da boa Política Social
A partir de uma pesquisa elaborada pelo grupo de Fé e política da Arquidiocese de Belo Horizonte, foi constatado que a maioria dos grupos que se propõe a se colocar no desenvolvimento de trabalhos relacionados ao tema e sua prática, encontram-se concentrados mais no centro da Capital e em seu entorno, revelando a quase inexistência dessa prática pastoral nas áreas mais distantes da sede da Arquidiocese.
A leitura desses dados torna-se relevante para a reflexão de nossa catequese, e no processo da ação missionária e evangelizadora da Igreja, pois todos os trabalhos da Igreja, como seguidora de Jesus, tem suas ações propostas no seguimento de Jesus.
Olhando para os evangelhos percebemos como todo o ensinamento de Jesus traz consigo as exigências sobre as questões sociais. Ele está sempre a chamar atenção para questões como: amor ao próximo, caridade, justiça, solidariedade, vida em comunidade, partilha. Seus ensinamentos encontram-se pautados pela necessidade de trabalhar nas questões que afetam a vida do povo, principalmente a dos mais pobres. Ele chega a desafiar o poder estabelecido e subverte a ordem e os valores do poder do mundo: “o maior é aquele que serve”.
Jesus seguia os ensinamentos vindos das experiências de seus antepassados. Desde o Antigo Testamento, essas questões se fazem presente na realidade da vida das pessoas. Os profetas já denunciavam as questões políticas que afetavam e oprimiam o Povo de Deus. Toda a história de Moisés se move em torno da batalha para a libertação do povo oprimido pelo Faraó do Egito. Isaías questionava a elaboração de projetos iníquos carregados de normas que propunham a negação da justiça ao fraco e a fraude do direito dos pobres (Is 10-1-2).
É nesse sentido, colocando-se no cumprimento da ‘Palavra proclamada’, que os cristãos são chamados a se colocarem frente às exigências do Evangelho e assumir suas responsabilidade nas questões políticas sociais sendo como sal na terra e luz no mundo.
Neuza Silveira de Souza é Coordenadora
da Comissão Arquidiocesana Bíblico-Catequética
de Belo horizonte