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Portas das igrejas não sejam blindadas

Cerca de 15 mil pessoas estiveram na Praça São Pedro, no Vaticano, para ouvir a catequese do Papa Francisco, que nesta semana foi dedicada à Misericórdia de Deus, no limiar do Jubileu Extraordinário.

A imagem utilizada pelo Pontífice para falar da misericórdia foi a da porta do Senhor, sempre generosamente aberta para acolher o nosso arrependimento. “Portas abertas

do Sínodo dos Bispos”, recordou o Papa. “Todas as famílias receberam grande encorajamento que se encontra na entrada dessa porta aberta. “A Igreja foi encorajada a abrir as suas portas para sair, com o Senhor, ao encontro dos filhos e filhas em caminho, às vezes incertos, às vezes perdidos, nesses tempos difíceis”.

“Se a porta da misericórdia de Deus está sempre aberta, também as portas de nossas igrejas, de nossas paróquias e dioceses devem estar sempre abertas. Assim todos podemos sair e levar esta misericórdia de Deus. O Jubileu significa a grande porta da misericórdia de Deus, mas também as pequenas portas das nossas igrejas abertas para deixar o Senhor entrar ou muitas vezes deixar o Senhor sair de nossas estruturas, de nosso egoísmo.”-exortou o Papa.

O Pontífice recordou, ainda, o Dia Mundial dos Direitos da Infância, celebrado nesta sexta-feira.

Portas blindadas

O Papa citou alguns lugares no mundo onde nunca se fecham as portas à chave, mas também de tantos outros onde se tornou normal ter as portas blindadas. “Embora compreensível, não deixa de ser um mau sinal!”, afirmou. Não devemos render-nos à ideia de aplicar este sistema à vida da família, da cidade, da sociedade e, menos ainda, à vida da Igreja.

“Uma Igreja sem hospitalidade, assim como uma família fechada em si mesma, mortifica o Evangelho e desertifica o mundo. Nada de portas blindadas na Igreja! Tudo aberto!”

Francisco prosseguiu afirmando que a porta deve proteger, mas não refutar. A porta não deve ser forçada; pelo contrário, pede-se permissão para que a hospitalidade resplandeça. Todavia, muitas pessoas perderam inclusive a coragem de bater à porta.

“Quantas pessoas perderam a confiança, não tem a coragem de bater à porta do nosso coração cristão, às portas das nossas igrejas. Tiramos a confiança. Por favor, que isso jamais aconteça.” E o Papa agradeceu a todos os porteiros e porteiras que protegem casas, condomínios e igrejas.

Jesus é a Porta

Jesus, explicou o Pontífice, é a porta que nos faz entrar e sair. “Porque o ovil de Deus não é uma prisão, mas um refúgio.” Mas diante da porta, está o guardião, que ouve a voz de Jesus, então abre e faz entrar todas as ovelhas que Ele traz.

“Não é o guardião que escolhe as ovelhas, mas o bom Pastor. Não é o secretário ou a secretária da paróquia que decide quem entrar. A Igreja é a porteira da casa do Senhor, não a patroa”, recordou. Assim deve ser reconhecida a Igreja por toda a terra: como a guardiã de um Deus que bate à porta, como a recepcionista de um Deus que não fecha a porta com a desculpa de que não somos de casa.

Francisco concluiu com um pedido:

“Que as famílias cristãs façam de seu limiar de casa um pequeno grande sinal da Porta da misericórdia e do acolhimento de Deus. Com este espírito, estamos próximos ao Jubileu. Haverá a Porta Santa, mas há a porta da misericórdia de Deus. E que haja também a porta do nosso coração para receber o perdão de Deus ou dar o nosso perdão e acolher todos os que batem à nossa porta.”

Infância

Depois da catequese, o Pontífice recordou o Dia Mundial dos Direitos da Infância, celebrado em 20 de novembro.

“É um dever de todos proteger as crianças e antepor o bem delas a qualquer outro critério, para que jamais sejam submetidas a formas de escravidão e maus-tratos. Faço votos de que a comunidade internacional possa vigiar atentamente sobre as condições de vida dos menores, especialmente onde são expostos a recrutamento por parte de grupos armados; assim como possa ajudar as famílias a garantir a cada menino e menina o direito à escola e à educação.”

Clausura

Francisco lembrou ainda a celebração, no sábado,  dia 21, da Jornada Pro Orantibus, data em que a Igreja recorda a apresentação de Maria ao Templo.

“Que não falte a nossa proximidade espiritual e material para que as comunidades de clausura possam realizar sua importante missão, na oração e no silêncio operoso.”



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