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Por uma autêntica devoção Mariana – Artigo de dom Otacílio Ferreira de Lacerda

Toda devoção deve levar a uma vida cristã mais profunda: compromisso de amor com Deus e com o próximo. A devoção a Maria deve, sobretudo, levar inevitavelmente a uma vida cristã mais de acordo com a vontade de Deus, revelada pelo Seu Amado Filho, sob a ação e inspiração do Espírito Santo.

Sem dúvida, a devoção a Maria é fonte de vida cristã profunda. A devoção mariana consiste não numa estéril prática de Oração, mas em um imitar das virtudes daquela que melhor do que ninguém soube viver a fidelidade a Deus, na acolhida e seguimento do Verbo que nela Se fez Carne, porque nela o Espírito encontrou espaço para a ação e a fecundação, por isto ela é chamada de primeiro sacrário vivo da Eucaristia.

Devoção Mariana é mais do que rezar a Maria, é rezar como Maria rezou. De nada adianta dizer-se devoto de Maria se não houver absoluta confiança na Palavra de seu Filho e todo empenho e esforço para realizá-La em nossa vida.

Fazer o que Ele diz é certeza de que jamais nos faltará o vinho novo do amor, da alegria, da vida e da paz. Mas o vinho só foi possível por causa da intercessão de Maria, por isto ela é a onipotência suplicante, enquanto Jesus é a onipotência por essência.

A Imagem de Nossa Senhora Aparecida nos leva a refletir algumas verdades presentes em todo seu simbolismo e traços marcantes. A aparição da imagem no Rio Paraíba do Sul, em partes, cabeça e corpo separados, leva-nos a refletir sobre a necessária ligação e relação de Cristo com Sua Igreja. É impensável amar Cristo e não amar Sua Igreja. Há que superar todas as divisões inclusive entre as próprias Igrejas que se afirmam cristãs.

Por ser mãe de Jesus Cristo, Maria torna-se para nós Mãe da Igreja. Trazida na rede, leva-nos a refletir a missão da Igreja no lançar das redes em águas mais profundas, para resgate da vida e certeza de pesca abundante (Lc 5), o que aconteceu logo após sua retirada do rio.

A imagem é encontrada no rio por três pescadores (Filipe, João e Domingos), homens simples do povo, trabalhadores incansáveis. Somente os simples acolhem a novidade do Reino inaugurado por Jesus, acolhendo juntamente Sua mãe.

Pôde a Igreja contar com sua valiosa e indispensável presença. O que seria da Igreja sem a figura de Maria, o traço do feminino? Grávidanos oferece o Redentor da humanidade, Aquele que nos garante que a Vida é vocacionada à Festa, ao casamento/relacionamento amoroso de Deus conosco, onde há vida em abundância prefigurando a eternidade.

Leva-nos a refletir sobre a sacralidade da vida, desde sua concepção até seu declínio natural, valor e beleza da dignidade presente em cada pessoa humana.

Olhos abertos para a sede do povo: sede de justiça e paz, que por Deus serão para sempre saciados. Olhos abertos, sem se esquivar de toda e qualquer realidade. Assim como Deus não dorme, nossa Mãe querida também noite e dia nos acompanha e nos envolve com seu carinho e olhar materno.

Mãos postas em Oração que nos  convidam à mesma atitude. Imagens de Deus que  somos desde a criação, nos colocamos em atitude de intimidade e confiança n’Aquele que em Maria e em nós pôde realizar maravilhas. Em resumo: confiança, súplica, louvor, abertura, disponibilidade.

Lábios em ligeiro movimento de sorriso: acenando à alegria, à pureza dos lábios de uma criança, que louva e glorifica a Deus e canta um eterno Magnificat, o canto da alegria e da esperança dos pobres.

A cor negra foi vista como identificação da realidade de escravidão pela qual passava o Brasil (séc. XVIII). Aparição que anuncia a liberdade e dignidade de toda pessoa. É para a liberdade que o Senhor nos libertou. “Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida, Salve a Virgem Imaculada, ó Senhora Aparecida…”.

Dom Otacílio Ferreira de Lacerda
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte



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