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Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso publica mensagem aos budistas

O Vaticano, por meio do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, publicou mensagem de saudação à comunidade budista pela celebração Vesakh – comemoração jubilosa de três acontecimentos importantes na vida de Gautama Bouddha – seu nascimento, sua iluminação e sua morte. O texto, assinado pelo presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso – cardeal Jean-Louis Tauran – e pelo secretário do Pontifício Conselho, Père Miguel Ángel Ayuso Guixot, MCCJ, é inspirado na mensagem do Papa Francisco para o “Dia Mundial da Paz”, em que o Santo Padre convoca todas as pessoas a enfrentarem as diversas formas de escravidão.

A mensagem dedicada à celebração do Vesakh lembra que cristãos e budistas se empenham no combate à escravidão. O texto pede que a celebração seja oportunidade para “um momento de reflexão aprofundada sobre as variadas modalidades de colaboração entre cristãos e budistas a fim de que não haja mais escravos, mas irmãos e irmãs que vivem na fraternidade, bondade e compaixão por todos.”
 

A celebração do Vesakh ocorre em várias datas (neste ano, entre 3 de maio e 2 de junho).
 

Leia o texto completo:

Caros amigos Budistas,

1. O Conselho Pontifício para o diálogo inter-religioso se sente feliz em endereçar, mais uma vez, uma mensagem aos irmãos budistas, desejando os melhores votos por ocasião da celebração do Vesakh. A comemoração jubilosa de três acontecimentos importantes na vida de Gautama Bouddha – seu nascimento, sua iluminação e sua morte – é uma ocasião de nos tornar próximos daqueles que sofrem e de renovar nosso compromisso de levá-los nosso conforto e felicidade através de gestos de amizade e de compaixão.

 

2. Neste ano, a mensagem do Pontifício Conselho aos budistas se inspira na “Mensagem para o dia Mundial da Paz 2015”, de sua Santidade o Papa Francisco, intitulada “Já não escravos, mas irmãos”. Nela, o Santo Padre observa que, historicamente, a instituição da escravidão, a um tempo admitida, causou a rejeição do outro, maus tratos às pessoas, violação da dignidade e dos direitos fundamentais, e a institucionalização das desigualdades. Consequentemente, “o escravo podia ser vendido e comprado, cedido e adquirido como se fosse uma mercadoria qualquer”.
O Santo Padre ressalta ainda que não obstante a escravidão tenha sido oficialmente abolida em todo o mundo, existem, ainda hoje, milhões de pessoas – crianças, homens e mulheres de todas as idades – que são privadas da liberdade e são obrigadas a viver em condições semelhantes às da escravidão.

 

3. O Papa Francisco cita exemplos de escravidão em nossos dias: homens, mulheres e crianças trabalhadores, migrantes que sofrem abusos físico, emocional e sexual, que são submetidos a condições de trabalhos deploráveis; pessoas, muitas delas menores, obrigadas a se prostituirem e à escravidão sexual, masculina e feminina; pessoas sequestradas por terroristas e obrigadas a tornar-se combatentes; para não falar das que são torturadas, mutiladas e mortas. Segundo o Pontífice, a causa destes males terríveis contra a humanidade são os corações humanos deformados pela corrupção e pela ignorância. Quando os corações humanos são corrompidos, os seres humanos não consideram mais os outros “como seres de igual dignidade, como irmãos e irmãs em humanidade, mas como objetos”.

 

4. Prezados amigos, partilhamos a convicção de que a escravidão moderna e o tráfico de seres humanos são crimes graves, feridas abertas no corpo da sociedade atual. Numa seção do “Caminho Octuplo”, – ou seja sobre o direito da criança – Buda declara que o comércio de seres vivos, incluindo escravos e prostitutas, é uma das cinco ocupações não permitidas (NA 5,177). Ele ensina a adquirir os bens de forma pacífica, honesta e por meios legais, sem coerção, violência ou fraude, e com meios que não provoquem danos ou sofrimentos (cf. NA 4,47; 5,41; 8,54). Desta maneira, o budismo promove o respeito pela vida e pela liberdade de cada pessoa.

 

5. “Como budistas e cristãos, solícitos em respeitar a vida humana, devemos colaborar juntos para que se coloque fim a esta chaga.
O Santo Padre nos convida a superar a indiferença e a ignorância, a socorrer as vítimas, cuidando de sua reabilitação psicológica, da sua formação e da sua reintegração na sociedade destino ou de origem.

 

6. Solicitamos que vossa celebração do VESAKH, que compreende esforços especiais para levar a felicidade aos menos afortunados, possa ser um momento de reflexão aprofundada sobre as variadas modalidades de colaboração entre cristãos e budistas a fim de que não haja mais escravos, mas irmãos e irmãs que vivem na fraternidade, bondade e compaixão por todos.

 

Renovando nossas cordiais saudações, desejamos a todos uma boa festa do VESAKH.

Cardeal Jean-Louis Tauran
Presidente


Père Miguel Ángel Ayuso Guixot, MCCJ
Secretário

 

 



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