Livros de teologia, filosofia, literatura e mais recentemente, de sociologia e política, ocupam espaço na estante que o padre Wagner Douglas mantém com cuidado e organização. Entre os livros, “o primeiro que marca a todos nós: as letras de Deus”, ressalta. Vigário na Paróquia Coração Eucarístico, padre Wagner Douglas também é assistente eclesiástico da Pastoral Universitária e da Pastoral do Surdo. Sua relação com os livros é a de um leitor frequente, que sofreu nos dois últimos anos por não conseguir ler. Durante a pandemia, padre Wagner conta que experimentou uma espécie de bloqueio. A angústia do momento, que trouxe sofrimento e desafios, não permitia que a sua leitura fluísse. Agora, ele se sente bem. Conseguiu transpor as dificuldades do momento e retomou o antigo hábito.
Eclético, padre Wagner Douglas é um admirador do Grande Sertão: Veredas, livro que leu pela primeira vez, enquanto seminarista. “Me marcou muito a busca humana do Tatarana (personagem central da narrativa), as relações que ele estabelecia com o divino, com a terra, o modo como se identificava com o lugar em que vivia, com a vegetação e a natureza.” Mas antes de chegar à poética e profunda escrita do mineiro, João Guimarães Rosa, padre Wagner partilha um pouco de suas lembranças da infância: foi com a Turma da Mônica, de Maurício de Sousa, que ele ainda menino, desenvolveu o hábito da leitura. “Quando li todas as revistinhas disponíveis na escola, a bibliotecária começou a me indicar livros”, recorda.
Hoje, padre Wagner, além dos títulos de sua área de formação, tem se dedicado também aos temas de política e sociologia. “Tem sido bom ter mais conhecimento nestas áreas”, observa. Com muitas possibilidades para partilhar, desta vez, o tema que ele nos traz, faz parte de uma leitura recente. “A ideia me veio após um momento de oração”, observa. Assim, ele indica o livro do escritor indígena, da etnia dos crenaques, Ailton Krenak: Ideias para adiar o fim do mundo. Padre Douglas lembra que o respeito aos povos originários nos recorda a defesa da terra, atitude que está em comunhão com o ministério do Papa Francisco, que nos ensina a cuidar da casa comum. “Tudo está interligado como se fôssemos um. Mesmo com outra expressão, o autor nos fala sobre esse cuidado.”