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Orando com a Bíblia

 

 

São incontáveis os trabalhos sérios, profundos, que pessoas competentes têm realizado sobre a oração, à luz da Palavra de Deus. Cada página da Bíblia é um compendio oracional, para um dialogo íntimo com Deus. Uma consciente confrontação com os desígnios do Senhor. Um choque entre os nossos projetos e os planos que a Bíblia nos oferece.
 

Saber que Deus vai conosco, e nós com Ele, é essencial. Com o Senhor não há ruptura da aliança.

O homem bíblico é essencialmente orante. Alguém que acredita na presença viva do Deus da historia, que se deixa conduzir, guiar, mas ao mesmo tempo percebe a própria relutância ao pronunciar o seu sim incondicional. É partir para uma terra desconhecida, é deixar as seguranças pela insegurança. O futuro, porém, não assusta o homem orante, ele sabe que sempre o anjo do Senhor o precede no caminho. Quando chega, Deus já o está esperando a muito tempo.

 

Nesta certeza devemos ler a história do povo de Israel, sempre nômade, sempre caminhando, mas também sempre pronto a crer que o Senhor está com ele. “Não temas e não te apavores, porque Iahweh teu Deus está contigo por onde quer que Andes” (Js 1,9).

Saber que Deus vai conosco e nós com Ele é essencial. Com o Senhor não há ruptura da aliança. Ir com Ele constitui a maior alegria da vida. Nunca Deus quebra sua aliança conosco. Nosso pecado não permite que ele se afaste de nós. É sempre o Deus da espera que confia no retorno do filho pródigo.

 

Quem reza se apresenta ao Senhor. Oração que nasce da vida e que volta à vida.

São João da Cruz, no Cântico Espiritual, com uma clareza desconcertante, nos consola dizendo: “Grande consolação faz a alma entender que jamais lhe falta Deus mesmo quando se achar em pecado mortal. Quanto mais estará presente naquela que se acha em estado de graça. Que mais queres, ó alma, e que buscas fora de ti se tens dentro tuas riquezas, teus deleites, tua satisfação, tua fartura e teu reino, que é teu Amado a quem procuras e desejas? Goza-te e alegra-te em teu interior recolhimento com Ele, pois o tens tão próximo.  Aí o deseja, aí o adora, e não vás buscar fora de ti, porque te distrairás e cansarás; não o acharás, nem gozarás com maior segurança, nem mais depressa, nem mais de perto do que dentro de ti. Há somente uma coisa: embora esteja dentro de ti, está escondido, mas já é grande coisa saber o lugar onde ele se esconde para buscar ali com certeza”, (São João Cruz Canto1, 8). Esta é a tradução prática do texto do Apocalipse 3, 20: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”.

Se o homem, na sua liberdade, decidir não lhe abrir a porta, Ele aí permanecerá batendo até que, vencido pelas batidas da misericórdia, decida-se a abrir-lhe. Na Bíblia, existem muitas palavras-chaves que nos fazem compreender toda beleza da oração. O dialogo com Deus se abre em vasto horizonte. O homem histórico de ontem, de hoje e de sempre possui sentimentos fundamentais que o revelam e que não mudam. O homem bíblico chora, ri, sofre, pede, tem medo, suplica como o homem da Idade Média, como o homem da tecnologia de hoje e como homem de amanhã. Quem reza se apresenta ao Senhor segundo a situação particular que o envolve e o faz sofrer. Oração que nasce da vida e que volta à vida.

 

Frei Patrcício Sciadini, OCD
Escritor e teólogo

 

 

 



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