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O verdadeiro significado de ser pai

Duas palavras resumem a missão principal do pai para além da participação na geração da vida biológica: referência e cuidado. O ser humano nasce indefeso. Diria, mesmo, despreparado para viver por si mesmo. Diferente do animal que logo após o nascimento já parte em busca da maneira de viver. No momento em que o processo evolutivo terminou na liberdade, na consciência, na autonomia, o animalzinho humano precisou de muita ajuda para assumir tamanho peso de responsabilidade.

Neste domingo, 11 de agosto, comemoramos o dia dos pais. Deixemos por ora o papel fundamental da mãe e concentremo-nos no do pai. Defino-o com os termos: referência e cuidado. Que vêm a ser?
       

Imaginemos uma situação em que não tenhamos nenhuma referência para orientar-nos: nem pessoa, nem língua, nem sinais,  nem geografia. Ficaríamos loucos. Perderíamos totalmente a possibilidade de viver. Se com a perda simplesmente de algumas referências, já nos angustiamos. Imaginem de todas.
 

O pai está ali para, aos poucos, a criancinha
ir encontrando
alguém que a proteja, que apareça como
sinal claro de orientação de vida

Ora, o pai constitui-se a primeira e fundamental referência para a criança. A mãe a acolhe e alimenta. O pai está ali para aos poucos a criancinha ir encontrando alguém que a proteja, que apareça como sinal claro de orientação de vida. Vamos mais longe na reflexão além do aspecto psicanalítico. Vivemos num mundo que se rege por valores, por regras de comportamento. A criança vai aos poucos aprendendo que não pode fazer tudo o que quer. Existem limites físicos, familiares, culturais. Simboliza todo esse universo a figura do pai. Por isso, quando ele falha ou fraqueja em estabelecer as fronteiras, a criança se desnorteia. Sofre, perde-se e não raro envereda por caminhos perniciosos.

Nada mais terrível que não perceber até onde se pode ir. As imagens físicas servem para entender o mundo interior. Quem tem coragem de entrar pelas águas de mar de tubarão? Ou de aventurar-se em noite escura por região de selva? Ou mesmo, em nossas regiões urbanas, de meter-se por lugares perigosos de assalto? Aprendemos da experiência a presença dos perigos. O pai significa no interior de cada um de nós o limite, a disciplina para que psicológica e humanamente não nos metamos por vias que terminam por danificar-nos interiormente.

Há mais. Carecemos de que essa mesma figura de referência se mostre carregada de cuidado e carinho. Então o peso da referência se alivia e se suaviza com o lado afetivo. Ambos conseguem gerar o equilíbrio necessário para a nossa existência. Quando a disciplina pesa muito, o carinho alivia. Quando o carinho nos faz esquecer as asperezas da existência, o pai nos faz recordá-las para que não nos entreguemos,  ao simples movimento da afetividade gostosa, esquecendo-nos dos compromissos.

Quanto mais equilibrado for o jogo dos dois polos, mais a criança e o adolescente encontrarão ajuste existencial. Não se perderão sem rumo, porque está a referência do pai. Não se enrijecem diante dos limites, porque os protege e amacia a vida o cuidado do mesmo pai.
       
Então na festa dos pais que eles e os filhos se perguntem: como experimentamos o cuidado, o pai oferecendo-o aos filhos e estes acolhendo-o como arrimo? E, doutro lado, o pai se faz referência para que o filho caminhe por rumo certo. Feliz festa dos pais!

 

Pe. João Batista Libanio
Professor da Faculdade Jesuíta de
Teologia e Filosofia (FAJE)

 

 

 

 

 



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