A catequese nos convoca a fazer ecoar a Palavra de Deus, ajudando todos a crescer e amadurecer na fé, partindo do que Jesus vivenciou no seu tempo, no seio de seu povo, e que chegou até nós por meio das experiências das primeiras comunidades e da evolução, no tempo, por meio dos ensinamentos da Igreja.
Na catequese, o catequista necessita estar atento ao crescimento integral do ser humano, cuidando dos aspectos fundamentais da sua formação religiosa, que inclui a educação para a convivência e a fé, contemplando a justiça, a fraternidade e a liberdade, valores que podem e precisam ser vivenciados na família, na sociedade, no trabalho e na política.
A vida do cristão é a vida centrada em Cristo, mas, como a vida de Cristo é centrada no amor de Deus a ser repartido entre todos, também a vida do cristão estará a serviço desse plano de amor.
A catequese, com sua proclamação da Palavra que se faz presente na comunidade, escuta, vivencia e encarna-se no relacionamento fraterno, traduzindo-se no serviço e no testemunho. A escuta da Palavra é imprescindível porque conduz ao diálogo. E o diálogo nasce do silêncio que possibilita a abertura aos outros, e a abertura a Deus na oração e na contemplação.
A catequese pode e deve tornar possível o encontro vivificante aprofundado com as Escrituras e possibilitar o seu confronto com a realidade atual, para que a Palavra de Deus seja acolhida na existência e celebrada |
Construindo esse caminho, iniciando-o com o querígma, passando pela experiência, aprofundamento na catequese e celebrando misticamente a vida na liturgia, o ser humano se abre ao Espírito Santo. Cria espaço para deixar que a Palavra realizarsua missão, no anúncio, no aprofundamento e na celebração da fé. Essa Palavra se faz presente para garantir a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus (Ef 4,13). Nesse sentido, a catequese cumprirá seu papel de ajudar o povo de Deus a participar mais ativamente na construção da sociedade.
Vive-se, no seu caminhar da existência cristã a prática da conversão diária, a fé em Jesus Cristo, a vida em comunidade, a prática sacramental e o compromisso apostólico. Assim, a prática da vida cristã pode ser considerada como mística e ética. A mística é a contemplação de Jesus, pela qual a gente vê a própria vida em unidade com a de Jesus. “Para mim, viver é Cristo” disse São Paulo (Filipenses 1,21). A ética (ou moral) significa o modo de proceder em conformidade com os valores que orientam a comunidade cristã: os valores que Jesus nos ensinou por sua própria prática de vida. A vida cristã é seguir Jesus pelo caminho que ele trilhou, julgando a realidade como ele julgaria e agindo como ele agiria nas circunstâncias de hoje.
Para julgar e agir eticamente como Jesus é preciso tê-lo diante dos olhos: seu ensinamento, sua prática de vida. Não há ética cristã sem o momento místico, que nos faz ver a realidade de Deus que transparece em Jesus. Jesus é o rosto de Deus que projeta sua luz sobre o caminho do nosso viver.
A catequese pode e deve tornar possível o encontro vivificante aprofundado com as Escrituras e possibilitar o seu confronto com a realidade atual, para que a Palavra de Deus seja acolhida na existência e celebrada na liturgia, possibilitando que existência Cristã entre em sintonia com o mistério de Cristo, capacitando a comunidade a testemunhar os valores do Reino. Afinal, trilhar nosso caminho à luz de Cristo é viver diante da face de Deus.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora da Comissão Bíblico-Catequética da Arquidiocese de Belo Horizonte.