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Proponho que cada participante deste encontro de catequese se imagine no interior do Cenáculo: a penumbra do ambiente, iluminado pelas chamas oscilantes das candeias; o cheiro forte do óleo sendo consumido pelo fogo, das iguarias preparadas para a noite pascal.
Aos poucos cada um vai tomando o seu lugar à mesa. Chamam-me a atenção três personagens: João os destaca (Jo. 13, 21-30).
Os personagens
João está próximo do Mestre, podendo até mesmo recostar a cabeça em seu peito (João 13, 23). É dessa forma que ele se relaciona com Jesus, ouvidos atentos ao bater do coração de seu Amigo. João seguirá o Mestre até a cruz. Permanecerá de pé ao lado de Maria e de Madalena. Correrá ao encontro do túmulo vazio, quando recebe a notícia que teriam tirado o corpo do Senhor do sepulcro (Jô.20,1-8). É a imagem do discípulo fiel que goza da intimidade, mas que também não foge da experiência da dor e da cruz.
A experiência que cura a crise de fé é a profissão de amor |
Pedro também por ali está. Quando Jesus fala sobre a traição que sofreria, toma a iniciativa de perguntar sobre quem Jesus se referia. Zeloso, quando o Mestre foi preso, tenta defendê-lo, cortando a orelha de um soldado (Jô. 18, 10). Mas logo depois nega Jesus três vezes (Jô. 18, 15-27). Pedro é a imagem do discípulo que deseja acertar, mas que ainda, de muitas formas, nega seu Mestre e precisa ser profundamente curado em sua experiência de fé. A experiência que cura a crise de fé é a profissão de amor (Jô. 21, 15-19).
Judas Iscariotes é o terceiro personagem na cena. Era do partido dos zelotes que desejavam libertar a Judéia do poder dos romanos. Era o tesoureiro do grupo. Foi tão amado como cada um dos discípulos, mas não se deixou amar. Foi construindo para si um caminho de distanciamento e solidão. O diabo já o rondava, mas seu coração se fecha completamente, quando, no momento mais sagrado de comunhão, consome o pão, com a decisão de trair já tomada em sua alma. Satanás, então, toma conta dele. Seu fim é triste: enforca-se (Mt. 27, 1-10). Judas é a imagem do discípulo que é amado pelo Mestre, mas que não se deixa amar. Dia após dia vai trilhando um caminho de afastamento e se entrega, por fim, ao desespero.
O lugar que ocupo
Após fazermos a reflexão no ambiente proposto inicialmente, entramos no Cenáculo e colocamo-nos à mesa. Qual é o lugar que cada um de nós ocupa? Como está nosso coração? Somos João, Pedro ou Judas?
Na experiência dos três está presente a perspectiva do amor. No centro está Jesus oferecendo o seu amor |
O que percebo é que na experiência dos três está presente a perspectiva do amor. No centro está Jesus oferecendo o seu amor. Cada um, na história de sua liberdade humana se não passar pela história do amor tem como fim a morte.
Por outro lado, não há como construir uma história de amor se não houver liberdade. O amor exige a liberdade. Cada um é livre para ir ou ficar, abrir-se ou fechar-se. João, Pedro e Judas deram respostas diferentes e com intensidades diferentes. E eu?
O diálogo com o Mestre
Não quero colocar-me à tua mesa como Judas, Senhor Jesus. Por vezes detecto raízes de esfriamento se estabelecendo em mim. Não quero trilhar minha história, afastando-me de ti. Livra-me, por tua graça, de toda traição, isolamento e desespero.
Preciso que cures meu coração pela experiência do teu Amor. |
Olho para mim, e vejo que me assemelho muito a Pedro. Também sou muito voluntarioso; também te nego de muitas e variadas formas; também choro diante de meus pecados. Preciso que cures meu coração pela experiência do teu Amor.
Ó Espírito Santo guiai-me no caminho de João, discípulo amado. Quero recostar minha cabeça no peito de meu Senhor. Quero ouvir seu coração e estar com Ele não só na intimidade da mesa eucarística, mas também quando for visitado pela dor e pela cruz. Amém.
Pe. Sérgio Luiz e Silva, CSsR