Assim manifestou Deus o seu amor: enviou ao mundo seu Filho único, para que vivamos por ele (1Jo 4,9).
O mistério Pascal de Cristo é o núcleo fundamental de nossa fé, mistério esse celebrado durante todo o Ano litúrgico e que nos faz apropriar de toda a revelação do mistério de Cristo, desde a Encarnação e Nascimento até a Ascensão, ao Pentecostes e à feliz esperança da vinda do Senhor.
A cada ano, estas celebrações, a partir da Epifania, ou seja, da “manifestação do Senhor” trazem para nós cristãos católicos uma realidade única dos acontecimentos de Cristo. Não só nos trazem lembranças dos fatos passados sobre sua vida, mas nos fortalecem com força sacramental. Essas são celebrações que, fazendo a memória dos mistérios da redenção, abre aos fiéis as riquezas dos atos salvíficos e méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo, torna-as presentes em todos os tempos, a fim de que estes mesmos fiéis possam entrar em contato com elas e ficarem repletos da graça da salvação (SC 102).
Assim, o ser humano, a cada ano, se realiza no tempo, e “como um ser humano salvo em Cristo”, ele, a cada ano, se renova e se insere no “Ano do Senhor”, para o qual a vida cristã torna-se um crescer em tudo, em direção ao Cristo. E ele – o Cristo – une a si todo o homem, na esfera de sua ação sacerdotal, sacrifical e mediadora, que transcende todo espaço e tempo.
Para vivenciarmos tudo isso, se faz necessário levarmos para as nossas reflexões o conteúdo da nossa fé. Fé, dom de Deus doado ao mundo, que apropriamos dela através da oferta de uma religião que, para nós cristãos, é o Cristianismo.
com a celebração do Batismo de Jesus, cada pessoa é convidada a fazer uma retrospectiva de sua vida permitindo reconhecer o agir de Deus em sua vida, as manifestações que trouxeram a certeza de que sua vida foi invadida por ele e transformada |
O cristianismo apresenta para nós sua história que é ‘uma intervenção divina na nossa história’. A Palavra de Deus que primeiramente foi revelada ao povo de Israel e se incorporou na lei e na sociedade. Depois, O Verbo de Deus se encarnou em uma pessoa, em um determinado momento da história e, depois, pós-ressurreição, o processo de redenção humana perdurou na vida da Igreja, a nova Israel, a comunidade universal, portadora da Revelação divina e foi o meio pelo qual o homem participou da nova vida do Verbo Encarnado.
De todo esse entendimento provém a importância do nosso Batismo. Jesus, o Verbo encarnado, batizado por João Batista, foi manifestado a Israel. E João deu testemunho: “Eu vi o Espírito descer, como uma pomba, do céu e permanecer sobre ele. Também eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar com água disse: ‘aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, esse é quem batiza com o Espírito Santo’. Eu vi, e por isso dou testemunho: ele é o Filho de Deus!” (Jo 1, 32-34).
Pelo batismo somos unidos a Cristo e ganhamos a pertença na sua vida. Daí, somos convocados a viver o ato da fé, se engajar à sua vida e ofertar a ele a nossa própria vida, ela mesma dom de Deus. Nessa entrega, cada um faz a sua experiência de Deus.
Concluindo esse Tempo de Natal com a celebração do Batismo de Jesus, cada pessoa é convidada a fazer uma retrospectiva de sua vida permitindo reconhecer o agir de Deus em sua vida, as manifestações que trouxeram a certeza de que sua vida foi invadida por ele e transformada e, assim, continuar a caminhada com a certeza de que Deus nasceu dentro de você e se tornou manifesto neste Tempo. A certeza de que Deus semeou e continuará semeando algo muito bom no coração de cada um. Para que essa semente germine, cresça e dê fruto, o cristão batizado é peça fundamental. Assim ele é chamado a estar sempre refletindo: Como está a minha fé? Como vivo minha relação com Deus? Como faço as minhas escolhas? Qual é o meu projeto de vida?
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora da Comissão Arquidiocesana Bíblico-Catequética de BH