Em Cristo, o ser humano redescobre o sentido de ser pessoa para os outros. Jesus anuncia o reinado de Deus dizendo que ele está próximo; já chegou e está entre nós. Demonstrando seu amor e obediência filial ao Pai, proximidade aos pobres e pequenos, fidelidade à missão, amor e serviço à doação de sua vida, tudo isso causa grande transformação na vida de seus discípulos.
Naquele tempo, as pessoas esperavam a chegada do Reino para breve. Mas Jesus inaugurou uma experiência do Reino que recupera as pessoas, restitui-lhes a integridade, a saúde, a força, a dignidade. Ele nos ensina que o Reino vai se constituindo com o caminhar da história de cada um: Ele diz: “O Espírito do senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres. …enviou-me para restituir a liberdade aos oprimidos” (Lc 4,8); “Os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. E bem aventurado aquele que não ficar escandalizado por causa de mim!” (Mt 11, 5-6).
Quanto à plenitude do Reino, ou seja, quando Deus será tudo em todos, aí ninguém sabe, somente o Pai (Mc 13, 32). Para Jesus assim como para o povo judeu, o tempo possui um significado diferente do que nós, ocidentais, normalmente o concebemos. Não se trata de tempo quantitativo, ou seja, entendê-lo como medida de datas (dias, meses, anos, etc). Para os judeus, saber o tempo não era questão de saber a data, mas sim questão de saber que espécie de tempo poderia ser. Por isso, no tempo de Jesus, sua preocupação era resgatar a dignidade das pessoas, torná-las o centro de sua mensagem e de sua prática. Ele mostrava que a salvação do Reino não é limitada somente à alma, mas significa a integridade da pessoa toda, sua participação. Assim, ele convoca todos: homens e mulheres que queiram unir-se a ele para participar da Assembleia do Reino.
Jesus nos ensina o caminho
Sabemos que esse Reino oferece muitas alegrias, mas também há muitas exigências para aqueles que querem entrar e permanecer nele. Muitos são os ensinamentos deixados por Jesus. No texto de Lucas (Lc 6,20-49) podemos perceber como Jesus nos ajuda a realizar as mudanças necessárias em nossa vida, modifica o nosso agir junto aos nossos irmãos na fé, e nos ajuda a assumir nossos compromissos cristãos. O versículo 6,20 diz: Erguendo então os olhos para os seus discípulos, dizia: “Bem aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus”. A palavra “Pobre” que vem do grego “ptwcov – ptochos” significa humilde, aflito, sem influência. Essas pessoas, segundo Lucas, têm maior facilidade de receber a Palavra de Deus no coração, estão mais abertas e esperançosas, daí Jesus chamá-los de bem-aventurados.
A pobreza como exigência para se entrar no Reino, é muito acentuada nos Evangelhos. Não é uma pobreza espiritualizada, mas bem concreta. Lucas a frisa bem: “Ai de vós, ricos. Ai de vós que estais fartos” Lc 6,24-25). Esses ensinamentos nos levam a perceber o que Jesus estava querendo nos dizer: sem a humildade, a simplicidade, sem aquela confiança no amor de Deus, assim como uma criança que confia no amor do pai, as pessoas não estão aptas para entrar no Reino Exigências para entrar no Reino. Lc 14,33: “Aquele que não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo”; Lc 9,62: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Mt 18,22: Perdoar o irmão: não até sete vezes, mas até setenta e sete vezes.
Mt 18, 3 “…Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus. Mt 6,24 – “Ninguém pode servir a dois senhores, com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo”. Não se pode servir a Deus e ao Dinheiro.
Para compreender as exigências do Reino e colocá-las em prática, um dos caminhos é a oração. Jesus, que muitas vezes, se retira para uma noite inteira de oração, também nos ensina a rezar e diz como devemos dirigir-nos a Deus (Lc 11,1-12; Mt 6,5-8). Ele nos ensina que a maior exigência do Reino é o AMOR. Viver esse amor junto aos irmãos é o convite que o Papa Francisco nos faz.