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Nossos pés: mistério, chão, horizonte

Nossos pés – ora apressados, por vezes vagarosos, também quietos!
Eles são simplesmente indispensáveis, essenciais, lúdicos, geniais!
Estão sempre dispostos a qualquer iniciativa ou movimento!
 
Graças aos pés é que o homem se mantém ereto, anda e corre sem cair, e sem que haja adequada proporção da base chamada pés com o resto do seu corpo – quase um milagre!
 
Eles escrevem – fazem gols de letra –, pintam, caminham, pedalam, correm, aceleram, disparam; também repousam e descansam para depois começar tudo novamente!
Com eles é possível o gol, chutar a barraca, enfiar na jaca, fazer esteira e caminhada, pegar a trilha, e até sair apressado (dar no pé).
 
Não há pés iguais! Grande, médio ou pequeno, não importa.
Pode até haver semelhança entre pés, inclusive do mesmo tamanho, mas, igualdade, jamais!
Sim, nossos pés são únicos!
 
Há muitos que têm verdadeira admiração, grande afeição e especial cuidado com os pés!
Outros toleram, alguns aceitam, muitos apenas convivem!
Há outros que não gostam, rejeitam-nos, têm até certa aversão ao formato e ao tamanho!
 
Assim como há vários tipos e tamanhos de pés, há também de sapatos!
Correu o mundo a notícia da abertura do museu com os sapatos (cerca de três mil pares), da ex-primeira dama das Filipinas – Imelda Marcos, conhecida colecionadora dos mesmos! Disse ela que o museu estava trazendo notoriedade a um artigo de beleza.
 
Sim, os pés têm beleza… Os de uma bailarina, além de beleza, refletem leveza, gratuidade, docilidade, harmonia, elasticidade, poesia, serenidade, lirismo.
 
 

A nossa terra santa é o mundo em que vivemos, e nele, assim como Moisés, caminhamos sob o olhar de Deus em busca de sua face

A Sagrada Escritura fala da beleza dos pés do mensageiro que anuncia a paz, proclama boas novas e anuncia a salvação (Is 52,7).
Esse mensageiro ganhou vida em Jesus de Nazaré que percorreu os montes, as vilas, as aldeias, as cidades – simplesmente comunicando alegria, salvação, esperança, paz!
Lavar os pés dos discípulos, antes de cear e abraçar a cruz, foi também o seu último gesto de humildade e de serviço ao próximo (Jo 13,1).
 
Os pés refletem duas especiais realidades do nosso caminhar – chão e horizonte!
Chão! É fundamental saber onde estamos pisando! Ter consciência do ambiente, da atmosfera, da natureza, do prosseguir, do parar, do momento que estamos vivendo.
Horizonte! É também necessário ter diante dos olhos nosso limite, saber até onde podemos ir, onde queremos chegar, nossas metas a atingir! Sem noção do horizonte a alcançar, podemos nos perder pelo caminho ou entrar na primeira estrada que apareça!
 
Deus, na sarça ardente, pediu a Moises tirasse as sandálias dos pés, pois a terra em que pisava era uma terra santa (Ex 3,5). A nossa terra santa é o mundo em que vivemos, e nele, assim como Moisés, caminhamos sob o olhar de Deus em busca de sua face! Tiremos sempre as sandálias do medo, das incertezas, das frustrações, das inquietações, sobretudo, as sandálias da falta de confiança e de abandono em Deus, para contemplarmos a sua face!

 

Dom Abade Felipe da Silva
Mosteiro de São Bento, Rio de Janeiro (RJ)

 



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