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Nossa Páscoa no dia a dia. Vivemos o tempo pascal!

  
Voltemos à frase acima com outro sinal de pontuação: vivemos o tempo pascal?
 
É apenas um sinal, porém percebemos que o sentido difere, e muito, de uma para outra. Se na primeira fazemos uma exclamação enaltecendo a importância destes 50 dias ou 7 semanas entre o domingo da Ressurreição e o de Pentecostes, na segunda, não temos somente uma pergunta, como se pudéssemos colocar em dúvida a veracidade do calendário litúrgico, mas um questionamento.
 
“Acredito ser sugestivo pensarmos que, tendo voltado ao nosso ritmo de agitada prática rotineira, é essencial darmos testemunho de uma fé que, não obstante nossas quedas no pecado, incita-nos a um contínuo esforço”
Da passagem de um tempo para outro percebemos e comentamos sempre como a contagem de nossos dias a­contece rapidamente, em vista da experiência que fazemos no cotidiano agitado de tantos afazeres. Assim, podemos afirmar o quanto parece ter sido veloz o período quaresmal e certamente afirmaremos o mesmo deste tempo pascal.
Com certeza, por trás do ponto de interrogação existe uma provocação que convém sadiamente nos fazermos, se queremos aprender sempre mais uma experiência da presença do Ressuscitado entre nós. Se, para Deus, não podemos viver os nossos dias numa enfadonha rotina, na qual poderíamos usar a famosa expressão ‘empurrar com a barriga’, o que dizer, pois, ainda mais, na prática da espi­ritualidade do tempo pascal?
 
Se pararmos para pensar, conceberemos que é mais comum captarmos e nos fixarmos em sinais de morte do que de ressurreição, considerando grande parte do que vemos e ouvimos em nosso dia a dia. Acontece que o grande e maior de todos os sinais está precisamente nesse único fato decisivo que, com o absoluto poder e infinito amor de Deus, deu e dá sentido ao nosso enfrentamento dos desafios que temos ao longo de todo o nosso viver. Qual alegria e esperança valeriam a pena sem a ressurreição? É evidente que para os descrentes isto não tem nenhum sentido, mas, e para os que professam esta fé? Se é óbvio que a ressurreição de Jesus não tem qualquer significado para quem não crê, não estará faltando mais obviedade ou evidência na pessoa de quem se chama cristão?
 
Celebramos, neste ano, o domingo da Páscoa no último dia de março. No dia seguinte, lembramos uma famosa superstição ou brincadeira referente a 1º de abril: dia da mentira. Para muitos, a ressurreição é uma grande mentira e, mesmo sendo admitida como uma verdade, não influencia o comportamento quanto a questionar o modo de ser pessoal nos relacionamentos e quaisquer atitudes. 
 
Acredito ser sugestivo pensarmos que, tendo voltado ao nosso ritmo de agitada prática rotineira, é essencial darmos testemunho de uma fé que, não obstante nossas quedas no pecado, incita-nos a um contínuo esforço: a missão de mostrar que a ressurreição do Senhor não é invenção, imaginação ou afirmação resultante de uma saudade, e sim verdade que nos incomoda e desacomoda.
 
 
 
Dom Luiz Gonzaga Fechio
Bispo-auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte
 
 

 



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