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Natureza: lugar do encontro com o Criador

 

Natureza:lugar do encontro com o criador

 

Santo Inácio viveu profunda experiência espiritual de conversão, de seguimento de Jesus que culminou na união íntima com Deus. Verdadeiro itinerário espiritual. E naúltima meditação da caminhada nasceu a obra *Contemplação para alcançar Amor. O que ela nos propõe? Imergir no mistério criador e santificador de Deus, meditando os bens recebidos do Criador. Tudo começou com a criação. Não só no sentido universal, mas em relação a cada um de nós. Não nos detemos simplesmente em ato de Deus perdido no passado. A criação continua. Deus nos mantém na vida. Mais: dá-nos e sustenta-nos no próprio existir. Mais ainda: tudo que nos cerca está aí pela força do Deus Comunhão Trinitária. E mais: tudo existe em relação entre si e com a Trindade. Vivemos, por conseguinte, em imensa rede de amor.

Quando paramos um instante diante da maravilha desse mistério, o coração se sente pequeno. Cada realidade tem duas faces. Interrompamos um instante a leitura do texto. Olhemos em torno de nós. Vejamos as infinitas coisas que nos cercam e que alcançamos com a vista. Eis a face externa que nos fere o olhar. Adentremos na reflexão. Tudo que existe antes foi nada. A passagem do nada para o ser ultrapassa todas as possibilidades humanas.

O Santuário  Ecológico Mariano Nossa Senhora da Piedade, com a sublime beleza da natureza, nos desperta para verdadeira contemplação da grandeza de Deus.

Nenhuma criatura consegue dar a existência. Plasmamos, manipulamos, transformamos, mas sempre a partir do existente. Deus, porém, como origem última está a manter na existência todas as coisas. Santo Inácio usou a metáfora da habitação. Diz que Deus habita nas criaturas, nos elementos, nas plantas, nos animais, nos seres humanos. Para todos eles dá o existir que se aperfeiçoa desde as realidades materiais sem vida até o esplendor da consciência e liberdade no ser humano. Eis a face misteriosa e profunda da criatura, fonte da espiritualidade.

O habitar de Deus não se detém na passividade do relojoeiro que se afasta do relógio depois de tê-lo fabricado. Imagem pobre do ato do criador de Deus. Se continuássemos na mesma imagem, pensaríamos um relojoeiro que estivesse todo tempo manejando o relógio, mantendo-o em funcionamento pela sua ação construtora.

A natureza seduziu desde todos os tempos os contemplativos, os místicos, o coração que reza. Com  simples olhar sobre os salmos, colhemos pérolas de espiritualidade em face da natureza. Eles jogam com a dupla experiência fundamental do ser humano de natureza e história. Ambas servem para elevar-lhe o coração até Deus. Em dado momento, extasia-se o homem diante da grandeza dos céus e do mistério do ser humano. “Quando olho para o teu céu, obra de tuas mãos, vejo a lua e as estrelas que criaste: Que coisa é o homem, para dele te lembrares, que é o ser humano, para o visitares?” (Sl 8, 4-5).

O salmista e nós, certamente com ele, ao contemplarmos a beleza da natureza, proclamamos em alto e bom som: “Os céus narram a glória de Deus, o firmamento anuncia a obra de suas mãos. O dia transmite ao dia a mensagem e a noite conta a notícia a outra noite” (Sl 19, 2-3).

A natureza está a desvelar-nos a obra de Deus e a sussurrar-nos mensagens de amor.  Aqui em Belo Horizonte, temos o privilégio de estar próximos do Santuário  Ecológico Mariano Nossa Senhora da Piedade que, com a sublime beleza da natureza, nos desperta o coração para verdadeira contemplação da grandeza de Deus.

 

* Última contemplação proposta nos Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola.

 

Pe. João Batista Libanio

professor da Faculdade Jesuíta de Teologia e Filosofia (FAJE)

 



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