A presença de Cristo, Deus feito homem, representada no seio da Sagrada Família vai fazer parte de nosso dia-a-dia, ao renovarmos em nossas casas o venerável costume de montar o Presépio. Quando São Francisco ainda não podia pregar nas praças anunciando seu encontro com Cristo, presença viva, ele inventou esta forma de anuncio. De fato, o Santo de Assis foi o primeiro a representar o nascimento de Jesus, o primeiro a montar um presépio.
E o que nós vemos quando olhamos Jesus, Maria e José, em meio aos animais, pastores e Reis Magos? Vemos o início de uma nova humanidade. Como disse o Papa Bento XVI: “estamos na presença de um mistério, ao mesmo tempo simples e solene, no qual a Santa Igreja celebra Cristo, o Consagrado do Pai, primogênito da nova humanidade”.
Em um tempo no qual a solidão nos golpeia em meio às multidões das grandes cidades, a consciência da presença de Cristo, constante e real mesmo quando não fazemos caso dela, é fundamental para nossa fé na vida e esperança no que virá. Quem nunca se sentiu impotente ou sozinho? A solidão verdadeira não provém do fato de estarmos sem ninguém por perto, provém da descoberta de que um problema fundamental nosso não pode ser resolvido por nos mesmos nem pelos outros.
Porém, a impotência que gera solidão não é necessariamente negativa. Somente quem tem a experiência da profunda impotência humana busca companhia nos outros e a companhia definitiva do “Outro”. Caminhamos juntos porque sentimos a solidão, ora se existe resposta a nossa solidão – a companhia de uma Presença real – então a solidão não é negativa, do mesmo modo que não é negativa a fome se estou diante do meu prato predileto!
A Celebração do Natal do Senhor nos faz passar do desejo ao encontro, após vivenciarmos a espera. O Tempo do Natal começa com o Advento, tempo de expetativa, pois aquele que espera deseja o encontro. O Natal é a resposta de Deus ao desejo humano. Esta resposta, o próprio Cristo, único verdadeiro centro afetivo do ser humano vem para todos, por isso se manifesta a todos na Epifania. Peçamos a Deus que esse tempo seja propício e que possamos fixar os olhos onde se encontram as verdadeiras alegrias.
Pe. Douglas Jorge Arão
Pároco da Paróquia Antônio (Av. do Contorno)