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Na vontade de Deus, tudo dá certo

Jesus é o Filho Amado do Pai. A quem mais o Senhor ajudaria, a quem mais defenderia senão Seu próprio Filho? No entanto, o vemos coberto pela maldade do mundo. Vemo-lo como “um desprezado, golpeado por Deus e humilhado”, mas confiamos com fé absoluta que Ele é o Filho que Deus ama e em quem põe “todo o Seu agrado”. Jesus parece tão prejudicado que na cruz foi insultado pelos presentes que diziam: “Se és Filho de Deus, desce desta Cruz!”.

Não era possível que se compreendesse que um abençoado por Deus estivesse em tal situação. Onde estaria a defesa de Deus? E Sua ‘justiça’? Como permitiria que um justo estivesse sendo condenado como um malfeitor e sob a dureza de um cruel sofrimento?… Também na Cruz, o Pai manifesta Seu amor por Jesus. Este amor se apresenta com feições muito particulares. O Pai ama o Filho e, unido ao Filho, unido à Sua imensa dor, ama o homem pecador a quem quer resgatar.

Dentre tantas coisas que Jesus veio realizar e nos ensinar, Ele nos mostrou que não há nenhuma realidade em que Deus não manifeste Seu amor e Sua bondade. Nenhuma! Se o sofrimento era uma marca dos não abençoados por Deus, Jesus nos abençoou, exatamente, por Seu sofrimento. Se a Cruz era sinal de maldição, converte-se em instrumento de salvação. Se a morte era o fim, torna-se o começo da vida eterna e verdadeira páscoa.

 


Em nossa ansiedade, queremos que tudo se apresse; em nosso medo, queremos que o tempo se alongue; mas só Ele sabe o tempo de nos livrar

 

Retomando a frase da obra “Imitação de Cristo” destacada acima, podemos compreender que a quem Deus ajuda, ou seja, quem se deixa ajudar por Deus, quem confia n’Ele e em Seus cuidados, faz a experiência de que nada pode prejudicá-lo. Mas não no sentido de que essa pessoa está livre de sofrimentos, e sim no de que a confiança em Deus a faz compreender e experimentar que mesmo as maldades, as perdas e os sofrimentos são marcados pela manifestação do amor de Deus.

Recentemente, um irmão comentou: “para mim, tudo dá certo!” e é conhecido de todos os grandes sofrimentos pelos quais ele passa. Ao ouvir esta afirmação, logo compreendi que esta experiência de que para ele tudo dá certo é fruto de uma confiança absoluta em Deus que transfigura seu olhar sobre as coisas. Por confiar em Deus e saber-se muito amado por Ele, não consegue enxergar em sua vida nada que não seja o bem.

Aqui nós vemos o fruto de nos entregarmos inteiramente a Deus: Ele sabe o tempo e o modo de te livrar. Entregarmo-nos a Deus é o melhor negócio que podemos fazer na vida. Nada renderá maior lucro. Nossa visão sobre os acontecimentos e até sobre a nossa história pessoal é muito limitada. Vemos as coisas a partir de um único ponto de vista enquanto Deus vê “de cima” e tem uma visão panorâmica completa. Só Ele pode saber o tempo e o modo de nos livrar.

Em nossa ansiedade, queremos que tudo se apresse; em nosso medo, queremos que o tempo se alongue; mas só Ele sabe o tempo de nos livrar. Ou achamos que temos boas ideias e queremos sugerir ao Senhor que faça deste ou daquele jeito, ou somos inseguros e queremos que outros façam por nós, ou ainda movidos pelas paixões nos tornamos cegos e agimos sem a devida prudência. Mas em tudo só Ele sabe o modo de agir que nos conduz à Sua Santa Vontade.

É preciso saber silenciar diante do mistério do amor de Deus que é real, mas muitas vezes incompreensível. Calar em um silêncio cheio de adoração. É preciso saber sofrer. Sofrer as demoras de Deus e Seus silêncios. Sofrer a dureza de Suas Palavras de amor que convidam à radical conversão. Saber sofrer amando a dor que a vida nos traz e estar disposto a descobrir nela os traços da beleza de Deus.

Permitamos hoje que nosso Mestre nos ensine as lições que a Cruz tem a nos ensinar. Ele que ‘não levou em consideração o ser igual a Deus, mas humilhou-se obedecendo até a morte’ nos ensine o verdadeiro caminho da humildade e submissão à vontade do Pai. Nesta pronta obediência, tenhamos confiança: tudo dará certo.  
                
*A obra “Imitação de Cristo”, escrita no séc. XV,  tem inegável influência no Cristianismo. Ajudou Santo Inácio de Loyola a conceber os Exercícios Espirituais. Sua autoria é atribuída ao monge alemão Tomás de Kempis.


Ludmila Rocha Dorella
Consagrada da Comunidade de Vida
Formadora Geral

 



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