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Muito mais que o voto estimulado

É grande a ansiedade de políticos, jornalistas e analistas antes de cada rodada de pesquisa de opinião.  Em geral, as pessoas dão muita atenção aos resultados do voto estimulado, ou seja, aquele que antecipa qual seria o resultado do pleito, se as eleições ocorressem na data de realização da pesquisa. Este questionamento em data anterior ao pleito deveria ser o último, uma vez que outros dados contidos na mesma pesquisa são bem mais relevantes.

 

Para se fazer uma leitura mais profunda de uma pesquisa é necessário  realizar análises comparadas com outras pesquisas realizadas pelo mesmo instituto em tempo anterior e também a relação entre as perguntas de uma mesma rodada.

 

A pesquisa realizada entre os dias 15 e 19 de maio, na qual foram entrevistados 2002 eleitores, com margem erro estimada de 2 pontos percentuais, para mais  ou menos, revela bem mais do que as diferenças entre os candidatos na pergunta referente ao voto estimulado.

 

Analisando outras questões abordadas pela pesquisa, vale destacar que os entrevistados manifestam certo desejo de mudança em relação ao governo: 30% gostariam que mudasse totalmente o governo do país, contra 9% que querem a continuidade do governo atual, enquanto 56% querem mudança, mas com continuidade. O que mais deve preocupar o governo é que 25% querem mudança, mas com Dilma na Presisdência e 67% querem mudança mas com outro presidente no lugar de Dilma. Porém, de outro lado, mesmo com o noticiário destacando as dificuldades da economia nos últimos meses, o brasileiro tem se declarado muito satisfeito (9%) ou satisfeito (71%) com relação à vida que vêm levando hoje. Os insatisfeitos são 17%, e os muito insatisfeitos são apenas 3%.

 

Esses dados revelam certa incoerência dos entrevisados. Como se eles estivessem contradizendo a lógica do voto retrospectivo, no qual os satisfeitos votam na situação e os insatisfeitos votam na oposição. No cenário atual, onde o governo vem enfrentando forte desgaste nas mídias e ambém nas relações políticas, o cenário  de satisfação pessoal é um alento e também uma oportunidade de defesa da atual administração.

 

Do ponto de vista lingitudinal, em comparação com pesquisas anteriores, a pesquisa divulgada marca um ponto de inflexão, de quebra de uma tendência de queda da atual presidente frente ao crescimento dos adversários.

 

Dilma cresceu menos que seus adversários, mas para a presidente o mais importante foi demonstrar uma capacidade de reação, mesmo quando estava sendo colocada nas cordas pelo mau momento do governo nas mídias. A interrupção da queda pode ser atribuída ao pronunciamento da presidente, bem como pelas inserções e exibição do horário de propaganda eleitoral gratuita do PT.

 

Como nas eleições, ao que tudo indica, Dilma terá o dobro do empo de seus adversários, é cedo para eles comeorarem um crescimento maior do que a presidente nas pesquisas.

 

Malcon Camargos
doutor em Ciência Política, professor da PUC Minas
diretor do Instituto Ver
(Artigo publicado no Jornal Home em Dia)

 



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