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Maria discípula – a mulher que acreditou

Ser discípulo e ou discípula é se colocar no seguimento de alguém que confia. É acreditar em um mestre, seguindo as suas palavra e o seu exemplo. Nesse sentido, ser um discípulo é estar em um relacionamento. É ter um relacionamento próximo, instrutivo e imitador em relação ao mestre. Ser discípulo ou discípula do mestre Jesus é cumprir a vontade do Pai. Assim foi, desde o princípio, com Maria. Ela colocou a sua vida nas mãos de Deus e, confiante, deixou que ele tomasse as rédeas do seu caminho e a guiasse para onde Ele quisesse e precisasse. Maria sempre foi uma pessoa dócil, e com a sua disponibilidade deixou-se envolver com os grandes acontecimentos orientados ao propósito de Deus. O catecismo da Igreja católica recorda-nos a sua presença constante e atenciosa diante dos planos de Deus e ao longo da vida de Jesus. (cf. CIC, 2617-2618). Assim, Maria permaneceu e permanece unida ao seu Filho nos momentos fundamentais da sua vida e ministério.

Há duas exigências para ser discípulo: amar o mestre acima de tudo e encantar-se com o seu ensinamento. Maria amou imensamente o seu Filho e os ensinamentos dele permaneceram maravilhosamente no seu coração. “Não há Jesus sem Maria nem Maria sem Jesus!” Assim nos diz o Papa Francisco.

Na nossa caminhada com a Bíblia, é no Evangelho de Jesus Cristo, segundo o evangelista Lucas, que vamos encontrar uma forte presença de Maria, Mãe de Jesus. Em Lc 1,26-38 temos a passagem do anúncio do nascimento de Jesus, dado pelo anjo Gabriel à Maria.

Mesmo não compreendendo, Maria diz o seu “sim” gerador do Filho de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Pode ser que ela, por poucos instantes, no momento da anunciação, tenha sentido medo, mas soube rejeitá-lo e assumir a vontade do Pai. Coloca-se à disposição para as provações que possa advir de seu sim, na certeza da presença do Senhor em sua vida. Ao ouvir a mensagem do anjo Gabriel em relação à encarnação do Filho de Deus, e tendo como sinal a gravidez de Isabel, sua prima, Maria vai visitá-la (Lc 1,39-56).

Ao chegar, é saudada por Isabel e algo revelador acontece. Com sua saudação, Isabel diz: “Bendita és tu que acreditou e bendita és o fruto do teu ventre!” Maria fica com sua prima por um tempo e se coloca em serviço-doação. No útero de Maria acontece o encontro entre Deus e a humanidade, pois Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Tal é esse mistério que suscita em nós uma maravilha infinita, nos diz o Papa Francisco: “Deus não é um senhor distante que habita solitário os céus, mas o amor encarnado, nascido como nós de uma mãe para ser irmão de cada um. Está ‘nos joelhos’ de sua mãe, que é também nossa mãe, e de lá derrama uma nova ternura sobre a humanidade”.

O evangelista Lucas também nos fala sobre o caminho realizado por Maria, de sua cidade até Belém, e as dificuldades encontradas para a realização do parto. Quando o Menino-Deus nasceu (Lc 2,1-21), a ele foi dado o nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo (Lc 2,21). Maria sempre teve seu coração exultado de alegria e cantava: “A minha alma glorifica ao Senhor e meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador”. Ainda em 2,41-52 Lucas vai nos contar o episódio sobre Jesus no Templo. Relata a aflição de Maria por não encontrar seu filho com eles, quando regressavam para casa, depois de celebrar a Páscoa judaica, em Jerusalém.

No Evangelho de Jesus, segundo João, Maria tem presença significativa na comunidade cristã. Nas bodas de Caná, Maria conduz Jesus a iniciar sua vida de milagres. Sua intervenção se dá no sentido de Jesus realizar o sinal que leva à fé. Na pregação do Filho, acolheu a sua palavra, recebendo com os que acreditavam e acompanhavam Jesus a proclamação de bem-aventurada.

Em At 1,2s, Maria é presença intercessora na Igreja nascente e no testemunho das primeiras comunidades. O livro dos Atos dos Apóstolos (também escrito por Lucas) nos mostra Maria no meio da jovem Igreja: Todos, unânimes, eram assíduos na oração com algumas mulheres, entre as quais, Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele” (At 1,14).

Existe uma grande devoção à Maria, Mãe de Jesus. O povo atribuí a ela vários títulos carinhosos e a invoca como Nossa Senhora. Quem sabe alguns? Podemos lembrar de vários: Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora Aparecida, de Fátima, das Graças, de Guadalupe… . Todos se referem à mesma pessoa: Maria, a Mãe de Jesus e nossa mãe. Nela, o povo brasileiro encontra a figura de mãe e de intercessora. O Documento de Aparecida (DAp 264) valoriza a piedade popular, “forma legítima de viver a fé e de pertença à Igreja”. Maria é apresentada como discípula e missionária.” Ela é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários” (DAp 269).

Neuza Silveira de Souza, coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.



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