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Lançar-se como semente


O Semeador – Vincent Van Gogh

 

A cada dia somos sufocados por más notícias pelo rádio, televisão, jornais. Somos bombardeados por uma gama de noticias que resumem a vida social em ódios, guerras, fomes e violências, escândalos, corrupção.  O sensacionalismo tornou-se o grande produto de grande parte dos meios de comunicação e dos comunicadores.

As notícias chegam a uma velocidade tamanha que ficamos atordoados e perdidos. O que se pode fazer diante de tanto sofrimento? Somos, como em nenhum outro tempo, bem informados das mazelas que ferem a humanidade, e sentimo-nos impotentes diante de tudo.

Aos poucos fomos convencidos que o poder tecnológico poderia sanar nossos problemas de ordem pessoal e social, que a razão por si só daria conta de remediar e curar nossos diversos tipos de conflitos, mas não é isso que percebemos. Estamos longe de resolver os problemas porque estamos nos afastando cada vez mais das causas e, artificialmente, crendo que uma hora tudo passará.

A tentação é, justamente, abster-se de quaisquer envolvimentos e compromissos. Se já fiz minha parte, está ótimo, se ainda não fiz, não será através das minhas simples ações que os caminhos hão de se tornar melhores.

Para um cristão, o pensamento não pode amadurecer desta forma. Todo cristão deve se entender como uma “nova semente” da humanidade. “O Reino de Deus é comparado com um homem que lança a semente na terra” (Mc 4,26). Lançar a semente é, também, hoje, lançar-se como uma semente.

Somos aquela semente de mostarda da qual fala Jesus (Mc 4,26-34): é a menor dentre as sementes, mas é a que resultará em árvore frondosa onde seus galhos se estenderão ao ponto de se tornar morada para os pássaros e lugar de descanso para os homens.

Precisamos dessa transformação. Assumir que somos uma pequenina semente, mas que porta muita vida em seu interior. Nenhuma realidade será mudada se o dom da vida não tocá-la. O grande sonho da pequena semente de mostarda é ser grande arvore frondosa para servir. Qual é o nosso sonho? Mesmo considerando-nos pequenos diante de tantas grandiosidades, aonde queremos chegar, e a quem desejamos servir?

Não tenhamos medo de ser pequenos, mas não tenhamos medo de sonhar grande. Aceitemos ser como um grão de mostarda, mas busquemos o seu futuro também.

 

Padre Ederson Iarochevski



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